Sociedade/AMIC resgata mais 30 “Crianças Talibés” no senegal
Bissau, 10 Mar 21 (ANG) - A Associação
Amigos da Criança (AMIC) resgatou mais 30 “crianças talibés” do Senegal no passado dia 05 do corrente mês,
no âmbito da Acção de Prevenção e Ajuda
ao Regresso e Reinserção da Criança Vulnerável no Contexto Transnacional.
A informação foi dada pelo Secretário Nacional de AMIC, Laudolino Carlos
Medina hoje em entrevista exclusiva à
Agência de Notícias da Guiné.
Aquele responsável sublinhou
que estão a fazer os seus trabalhos desde início de pandemia de Covid-19
através da Rede de África Ocidental para Protecção da Criança.
“Temos uma parceria com a Agência Italiana de Cooperação Internacional que tem
como meta resgatar e reinserir 80 crianças vulneráveis no contexto
transnacional, mas com a vinda dessas 30 “crianças talibés”, já completamos 53
e falta apenas 27.
Medina acrescentou que em Novembro de 2020 tinham resgatado 18
crianças, para além de cinco outras que fugiram dos locais onde aprendiam o
Alcorão, no Senegal.
Segundo Laudolino Medina, as
crianças resgatadas têm idades compreendidas entre 06 e 17 anos e a maioria tem
manifestado o desejo de frequentar a escola oficial e de continuar os seus
apreendizados corânicos, em melhores condições.
“As crianças resgatadas
estão no Centro de Acolhimento de AMIC, onde encontram equipas de psicólogos e
de assistentes sociais para trabalhar com elas, de forma individual, no sentido
de saber das suas intenções e para lhes apoiarem no processo de reinserção nas
suas comunidades”, revelou Medina.
Acrescentou que muitas dessas
crianças têm familiares em locais onde
não há escolas, pelo que a AMIC vê-se obrigada a matriculá-las em localidades
próximas às suas residências, disponibilizando-as uma bicicleta a cada uma para
facilitar as suas mobilidades.
Laudolino informou ainda que
estão a apoiar as acções de “hortas comunitárias”
para permitir com que as famílias possam ter algum rendimento, a fim de custear os estudos dos seus filhos e também para que possam
reforçar as suas capacidades financeiras.
O Secretário de AMIC disse
que antes de resgate das referidas crianças, procuram sempre localizar os
familiares das mesmas , e só depois procedam a entrega.
“Fazemos a entrega formal
através do Tribunal, e a AMIC assume a
responsabilidade de apoiar no processo de reinserção da criança e de dar
seguimento durante dois anos. Os pais também prometem não reinviar os seus
filhos para o local do resgate”, explicou.
Laudolino Medina disse que caso esses
crianças forem reinviadas para onde haviam sido resgatadas, os pais são
responsabilizados judicialmente.
Medina lança um apelo às
entidades competentes no sentido de não deixar de punir os actores de violações
dos Direitos das Crianças sempre que houver.
O envio de crianças talibés
para aprenderem o Alcorão no Senegal tem sido, de algum tempo para cá, um
fenómeno preocupante para a AMIC que não tem poupado esforços para combater
essa prática recorrente no país.
As Crianças da Guiné-Bissau foram vistas a mendigar para os seus professores de Alcorão, nas ruas de Dakar, com sinais de crianças mal tratadas, situação que provocou várias reações de repúdio nas organizações de defesa das Crianças, tanto ao nível interno como externo. ANG/AALS/ÂC//SG
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