quarta-feira, 10 de março de 2021

           
         Sociedade
/AMIC resgata  mais 30 “Crianças Talibés” no senegal

Bissau, 10 Mar 21 (ANG) -  A Associação  Amigos da Criança (AMIC) resgatou mais 30 “crianças talibés”  do Senegal no passado dia 05 do corrente mês, no âmbito da Acção de Prevenção  e Ajuda ao Regresso e Reinserção da Criança Vulnerável no Contexto Transnacional.

A informação foi dada pelo  Secretário Nacional de AMIC, Laudolino Carlos Medina hoje  em entrevista exclusiva à Agência de Notícias da Guiné.

Aquele responsável sublinhou que estão a fazer os seus trabalhos desde início de pandemia de Covid-19 através da Rede de África Ocidental para Protecção da Criança.

“Temos uma parceria com a Agência  Italiana de Cooperação Internacional que tem como meta resgatar e reinserir 80 crianças vulneráveis no contexto transnacional, mas com a vinda dessas 30 “crianças talibés”, já completamos 53 e falta apenas 27.

Medina acrescentou  que em Novembro de 2020 tinham resgatado 18 crianças, para além de cinco outras que fugiram dos locais onde aprendiam o Alcorão, no Senegal.

Segundo Laudolino Medina, as crianças resgatadas têm idades compreendidas entre 06 e 17 anos e a maioria tem manifestado o desejo de frequentar a escola oficial e de continuar os seus apreendizados corânicos, em melhores condições.

“As crianças resgatadas estão no Centro de Acolhimento de AMIC, onde encontram equipas de psicólogos e de assistentes sociais para trabalhar com elas, de forma individual, no sentido de saber das suas intenções e para lhes apoiarem no processo de reinserção nas suas comunidades”, revelou Medina.

Acrescentou que muitas dessas  crianças têm familiares em locais onde não há escolas, pelo que a AMIC vê-se obrigada a matriculá-las em localidades próximas às suas residências, disponibilizando-as uma bicicleta a cada uma para facilitar as suas mobilidades.

Laudolino informou ainda que estão a apoiar  as acções de “hortas comunitárias” para permitir com que as famílias possam ter algum  rendimento, a fim de custear os estudos  dos seus filhos e também para que possam reforçar as suas capacidades financeiras.

O Secretário de AMIC disse que antes de resgate das referidas crianças, procuram sempre localizar os familiares das mesmas , e só depois procedam a entrega.

“Fazemos a entrega formal através do Tribunal, e a  AMIC assume a responsabilidade de apoiar no processo de reinserção da criança e de dar seguimento durante dois anos. Os pais também prometem não reinviar os seus filhos para o local do resgate”, explicou.

Laudolino Medina disse que  caso  esses crianças forem reinviadas para onde haviam sido resgatadas, os pais são responsabilizados judicialmente.

Medina lança um apelo às entidades competentes no sentido de não deixar de punir os actores de violações dos Direitos das Crianças sempre que houver.

O envio de crianças talibés para aprenderem o Alcorão no Senegal tem sido, de algum tempo para cá, um fenómeno preocupante para a AMIC que não tem poupado esforços para combater essa prática recorrente no país.

As Crianças da Guiné-Bissau foram vistas a mendigar para os seus professores de Alcorão, nas ruas de Dakar, com sinais de crianças mal tratadas, situação que provocou várias reações de  repúdio nas organizações de defesa das Crianças, tanto ao nível interno como externo. ANG/AALS/ÂC//SG

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