Brasil/Bolsonaro critica confinamento e diz que é
fácil impor ditadura no país
Bissau, 12 Mar 21 (ANG) - O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro,
afirmou, quinta-feira, que é "fácil
impor uma ditadura no Brasil", ao criticar as medidas de confinamento
decretadas por governadores e prefeitos para travar a disseminação da covid-19.
"Uma pequena parcela da sociedade até pode ficar em casa mais tempo, mas a grande maioria não pode. Todos vão sofrer. Eu sou o garante da democracia. Usam o vírus para te oprimir, para quebrar a economia", criticou o chefe de Estado.
Para justificar a sua rejeição às medidas de confinamento obrigatório, Bolsonaro recorreu à leitura de uma carta de despedida, escrita por um feirante que alegadamente se suicidou.
"Estou cansado de tanta humilhação aqui na feira. Estou fazendo isso porque não está dando para pagar as dívidas, por causa do governador e do prefeito. Decretou fecho de tudo e não está dando para vender", leu Bolsonaro, reproduzindo o teor da carta, mas sem revelar a identidade da vítima.
O Brasil, que nos últimos dois dias registou mais de duas mil mortes diárias devido à covid-19 e que enfrenta agora o momento mais crítico da pandemia, tem vários hospitais em colapso e novas estirpes do vírus em circulação, o que levou governadores e prefeitos a decretar medidas restritivas de isolamento social.
Um ano após a
pandemia ser oficialmente declarada no país, o Brasil acumula 10,3% das mortes
notificadas no mundo por covid-19.
Contudo, Bolsonaro,
um dos chefes de Estado mais negacionistas em relação à gravidade da covid-19,
defende que a população brasileira saia à rua em prol da economia, e
"antevê problemas sérios" caso isso não aconteça.
"A pessoa com fome perde a razão, topa tudo. Estamos segurando o Brasil.
Estou antevendo um problema sério no Brasil, não quero falar que problemas são
esses porque não quero que digam que estou estimulando a violência, mas teremos
problemas sérios pela frente", pontuou.
"Até quando a nossa economia vai resistir? Se colapsar, vai ser uma
desgraça. O que poderemos ter brevemente? Invasão ao supermercado, fogo em
autocarros, greves, piquetes, paralisações. Onde vamos chegar?",
questionou.
Bolsonaro, que se encontra sem partido desde o ano passado, aproveitou ainda
para admitir que voltou às conversações com o Partido Social Liberal (PSL),
formação política pela qual foi eleito presidente em 2018.
"Espero decidir até Março o meu futuro político. Alguns partidos acenaram
para mim, até o próprio PSL. Conversei com o PSL", concluiu.ANG/Angop
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