Comunicação social/Jornalista Aly Silva disse não ter dúvidas de que foram os elementos ligados ao poder que o mandaram sequestrar
Bissau,11 Mar 21(ANG) - O jornalista disse que não tem elementos concretos para
acusar alguém em especial, mas afirmou não ter dúvidas de que foram pessoas
ligadas ao poder que o mandaram sequestrar, espancar e deixado desmaiado à
beira rio, em Bissau.
“Não tenho ideia, mas se o Presidente (da
República) liga a ameaçar-me cada vez
que eu escrevo coisas, não posso acusar, mas posso pensar”, declarou Aly
Silva, enumerando um conjunto de casos por si denunciados no seu blogue que,
disse, possam estar a incomodar o poder político.
“Fotos de aviões, avião que era suposto ir a
Cabo Verde buscar o Alex Saab que eu pus no blogue e a América mandou retirar o
avião daqui. A última foi o voo do Presidente de Cabo Verde, a Guiné-Bissau é
que sustentou aquilo tudo”, exemplificou Aly Silva, sobre assuntos que
abordou no seu blogue.
Depois de postar um
artigo em que escreveu que foi o Estado guineense que havia custeado a viagem
do Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, que no mês passado efetuou
uma visita oficial a Bissau, o jornalista disse ter sido ameaçado pelo
Presidente guineense.
“Ele (Umaro Sissoco Embaló) ligou-me à noite a
dizer que ia mandar pôr-me no lugar”, disse Aly Silva, realçando que não
é o único guineense que recebe chamadas do género por parte do chefe de Estado.
A Lusa contactou a
Presidência guineense para reagir a estas acusações, mas até ao momento não
obteve resposta.
O jornalista disse
que poderá ainda estar a ser atacado pela forma como critica a ingerência do
Presidente do Senegal, Macky Sall, nos assuntos internos da Guiné-Bissau.
“Nós estamos a
viver um estado de terror, agora, imagina se as pessoas que gostam de mim
saírem e apanharem o filho de um governante e espancarem”, referiu o
jornalista, apelando às pessoas “para
não entrarem por esse caminho”.
“Não é a primeira vez que fui espancado, mas
não façam isso”, exortou Aly Silva, mas realçando que o futuro próximo
da Guiné-Bissau “não é risonho”.
Apesar das
agressões, o jornalista diz que não pretende sair do país.
“Em tempos escrevi que íamos começar a apanhar
cadáveres nas ruas de Bissau, não tarda muito”, declarou o jornalista,
que classifica o que lhe aconteceu como “acto cobarde, feito por canalhas”.
Aly Silva foi
sequestrado e espancado, na terça-feira, no centro de Bissau, tendo depois sido
abandonado nos arredores da cidade, um caso denunciado pela Liga Guineense dos
Direitos Humanos.
Fonte do Ministério
do Interior guineense contactada pela Lusa disse que soube deste incidente
através daquela organização de defesa dos direitos humanos.
Várias organizações
da sociedade civil têm denunciado diversas violações dos direitos humanos
contra ativistas, políticos, deputados e jornalistas e órgãos de comunicação
social.
Um dos casos mais
recentes foi o de dois ativistas políticos do Movimento para a Alternância
Democrática (Madem G15), segunda força política do país e que integra a
coligação no Governo, que denunciaram publicamente terem sido espancados
alegadamente por guardas da Presidência guineense, dentro do Palácio
Presidencial, um caso a que o Ministério Público guineense ainda não deu
seguimento, de acordo com a Liga dos Direitos Humanos.ANG/LUSA
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