Birmânia/Dirigente deposta Aung San Suu Kyi condenada a mais sete anos de prisão
Bissau, 30 Dez 22 (ANG) – A dirigente birmanesa deposta Aung San Suu Kyi foi quinta-feira condenada por um tribunal militar de Myanmar (antiga Birmânia) a mais sete anos de prisão por corrupção, disse fonte judicial.
A
opositora e prémio Nobel da Paz em 1991, de 77 anos, deverá passar um total de
33 anos na cadeia, no final de 18 meses de um processo, iniciado em Junho de
2021, considerado político por vários defensores dos direitos humanos.
O
Governo eleito de Suu Kyi foi derrubado pelo golpe da junta militar em
Fevereiro do ano passado e a responsável detida numa prisão de Naypyidaw, onde
começou já a cumprir uma pena de 26 anos, depois de julgada culpada em 14
acusações.
O
último julgamento, que decorreu num tribunal construído propositadamente
naquela prisão, foi fechado aos meios de comunicação social, diplomatas e
público, tendo os advogados da antiga líder sido proibidos de falar sobre o
procedimento.
Ao
longo deste processo, Aung San Suu Kyi foi acusada de importação ilegal de
walkie-talkies e dada como culpada em Janeiro deste ano. Em seguida, foi
condenada por infracção da lei das telecomunicações por possuir bloqueador de
telefone.
Pouco
depois, a junta apresentou duas novas acusações por violação das restrições
anti-covid-19 num comício de campanha antes das eleições de 2020, das quais
saiu vencedor o partido de Suu Kyi, Liga Nacional para a Democracia (LND).
Em
Junho de 2021, Suu Kyi foi considerada culpada de provocação dirigida ao
exército, por uma carta da LND a pedir a organizações internacionais para não
apoiarem o golpe militar.
No
final de Setembro passado, a opositora foi condenada por violação da lei sobre
segredos, datada da era colonial, tal como foi o economista australiano Sean
Turnell, recentemente agraciado e libertado pela junta.
Os
pormenores destas acusações não foram divulgados, apesar de a televisão estatal
ter afirmado que Sean Turnell, antigo conselheiro económico de Suu Kyi, teve
acesso a “informações financeiras classificadas como segredo de Estado” e
tentou fugir do país.
No
mesmo mês, foi condenada por ter influenciado a comissão eleitoral durante o escrutínio
de 2020. No ano passado, a junta anulou aquelas eleições, afirmando ter
encontrado exemplos de casos de fraude. Observadores independentes consideraram
o escrutínio livre e justo.
O
regime militar birmanês apresentou também uma lista de acusações de corrupção
destinadas, na opinião de críticos, a manchar a reputação da Nobel da Paz.
O
tribunal controlado pelo exército acusou e condenou Suu Kyi por ter recebido
600 mil dólares (563 mil euros) e mais de dez quilogramas de ouro de um antigo
ministro. Em Outubro, foi condenada por ter aceitado centenas de milhares de
dólares de um empresário local.
Suu
Kyi considerou estas acusações absurdas, de acordo com uma fonte próxima do
processo.
Neste
último julgamento, a Nobel foi visada por outras cinco acusações de corrupção
relacionadas com o aluguer de um helicóptero para um ministro. Neste caso, Suu
Kyi foi acusada de não seguir as regras e causar “uma perda para o Estado”.
ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário