sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

               EUA-África/ UA pede acção conjunta contra o terrorismo

Bissau, 16 Dez 22 (ANG) – O presidente da União Africana (UA), Macky Sall, afirmou quinta-feira, em Washington, que África deseja partilhar cinco prioridades da sua agenda com os Estados Unidos da América, com particular detaque para o combate ao terrorismo.

Ao intervir na Cimeira de Chefes de Estado, enquadrada na reunião de Cúpula EUA-África, o também Presidente do Senegal explicou que a primeira prioridade da parceria afro-americana é a manutenção da paz, segurança e luta contra o terrorismo, de maneira global.

"Desejamos que o combate contra o terrorismo em África faça parte da luta global contra esse flagelo, que constitui uma ameaça à paz e segurança internacional", expressou.

Segundo o presidente da UA, os estados africanos esperam por um forte envolvimento de Washington nessa questão vital, para que o Conselho de Segurança (CS) da ONU coloque o tema do terrorismo em África no mesmo quadro de mecanismos de segurança colectiva da Carta Universal das Nações Unidas.

Saudou, a esse respeito, a decisão do Presidente norte-americano, Joe Biden, de apoiar a participação de África como membro permanente do grupo do G20 e do CS das Nações Unidas. 

Conforme Macky Sall, a segunda linha da parceria estratégica tem a ver com eixo alterações climáticas, crises sanitárias e o direito de saque especial ou suspensão das dívidas contraídas pelos Estados africanos.

Solicitou, por isso, uma acção solidária internacional em relação a matéria do perdão da dívida, por forma a assegurar-se os esforços de resiliência e de relançamento das economias africanas.

A propósito desse assunto, o Presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou na quinta-feira, em Washington, que o seu país está a liderar um esforço global para levar a cabo acordos equitativos, a fim de oferecer alívio da dívida para créditos globais. 

"Estamos a solicitar ao Congresso que dê um crédito de USD 21 mil milhões ao FMI, para dar o acesso necessário ao financiamento aos países de baixo e médio rendimento", referiu Biden.

Entretanto, no quadro da parceria estratégica com os EUA, Macky Sall disse que África tem como terceiro pilar de actuação o envolvimento dos americanos na construção de infra-estruturas, como estradas, caminhos-de-ferro, centrais eléctricas e infra-estruturas digitais.  

Referiu que África precisa de USD 96 mil milhões, até 2030, para financiar as suas necessidades, pelo que exige uma transição equitativa em termos competitivos, para ter  acesso universal à electricidade, cuja falta afecta mais de 600 milhões de africanos.

Outro pilar importante na estratégia de cooperação, segundo o presidente da UA, é ganhar a batalha da soberania alimentar, pelo que o continente solicita dos EUA a adoção de medidas urgentes para facilitar o acesso aos fertilizantes e outros produtos agrícolas. 

"Queremos trabalhar com os EUA para melhorar a produção em África, com base num investimento massivo", precisou Macky Sall, durante o encontro que contou com a participação do Presidente Joe Biden.

De igual modo, disse, África apela aos EUA para um trabalho conjunto susceptível de assegurar uma governação mundial mais justa e pacífica, tendo solicitado o levantamento das sanções impostas ao Zimbabwe.

Os EUA impuseram sanções financeiras e de viagens à elite política, militar e económica do Zimbabwe, bem como a empresas ligadas ao Estado, há cerca de duas décadas.

A medida deveu-se a violentas apreensões em massa de terras de propriedade de brancos, alegadas fraudes eleitorais e violações dos direitos humanos, pelo antigo Presidente da República daquele país africano, Robert Mugabe (falecido).

O Zimbabwe foi considerado, até a altura da independência do governo colonial, em 1980, uma das economias mais promissoras da África. 

Actualmente, regista deficiências no seu sistema de saúde, fornecimento de água, transporte e a nível das infraestruturas públicas. 

Além da Cimeira dos Chefes de Estado, que discutiu as parcerias estratégicas para a Agenda 2063, o último dia da Reunião de Cúpula EUA-África foi marcado pela abordagem dos painéis, "Parcerias Multilaterais com a África para Encontro Global" e "Promoção da Segurança Alimentar e Resiliência dos Sistemas Alimentares".

A Cimeira de Washington, uma iniciativa do Presidente Joe Biden, apoiada pela União Africana, decorreu de 13 a 15 de Dezembro, com a participação de mais de 49 líderes africanos, incluindo o Chefe de Estado angolano, João Lourenço, e vários homens de negócios.

Durante os dois primeiros dias, vários eventos foram realizados, com destaque para o Fórum da Juventude e o Congresso Anual da Eximbank, que contou com mais de 100 participantes.

Na quarta-feira, decorreu o Fórum de Negócios, encontro em que o Presidente de Angola interveio no painel relacionado com o tema "Construindo um Futuro Sustentável: Parcerias para Financiar Infra-estruturas Africanas e a Transição Energética". ANG/Angop

 

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