Rwanda/Governo saúda decisão da justiça britânica sobre deportação de imigrantes
Bissau, 19 Dez 22 (ANG) - O Governo rwandês congratulou-se hoje, 19, com a aprovação pelo Tribunal Supremo britânico de um controverso plano de deportação de imigrantes ilegais do Reino Unido para o Rwanda.
"Saudamos esta
decisão e estamos prontos a oferecer aos requerentes de asilo e migrantes a oportunidade
de construir uma nova vida no Rwanda", disse a porta-voz do Governo de
Kigali, Yolande Makolo, citada pela agência France-Presse, considerando a
decisão da justiça britânica um passo "positivo" para resolver a
crise migratória global.
O Supremo Tribunal
britânico considerou legal o plano controverso do Governo do Reino Unido de
deportar para o Rwanda requerentes de asilo, parte de uma estratégia de Londres
para enfrentar a imigração indocumentada.
Dois juízes do Supremo
decidiram, no entanto, que o Governo britânico não considerou as circunstâncias
dos indivíduos que quer deportar.
A decisão constitui uma
vitória parcial do Governo, uma vez que é provável que o executivo conservador
enfrente novos desafios legais em relação a este plano iniciado pelo executivo
de Boris Johnson depois do 'Brexit' (processo de saída do Reino Unido da União
Europeia), e nunca descontinuado pelos seus sucessores.
Vários requerentes de
asilo, grupos de ajuda e um sindicato de funcionários fronteiriços avançaram
com processos judiciais para impedir o Governo conservador de agir com base num
acordo de deportação com o Rwanda, que visa dissuadir os migrantes de
atravessar o Canal da Mancha em pequenas embarcações.
O Reino Unido mantém a
intenção de enviar migrantes que chegam como clandestinos ou em barcos para o
país da África Oriental, onde os seus pedidos de asilo serão processados.
Os requerentes a quem
seja concedido asilo, caso o plano avance, permanecerão no Ruanda e não mais
regressarão ao Reino Unido.
Mais de 44 mil pessoas
chegaram ao Reino Unido através do Canal da Mancha este ano, e vários morreram
na tentativa.
O Alto Comissariado das
Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) expressou na terça-feira preocupação
com as medidas anunciadas por Londres para combater a imigração indocumentada,
considerando-as "um passo atrás na tradição humanitária" do país.
"A intenção
anunciada de primeiro deter e depois devolver o candidato a asilo ao país de
origem ou transferi-lo para um terceiro país significa a negação do pedido de
asilo aos que chegam de forma irregular", afirmou o ACNUR, em comunicado.
Segundo o ACNUR, medidas
como esta podem resultar no retorno de refugiados aos seus países de origem, em
violação de uma convenção internacional respeitada desde 1951.
Limitar o acesso aos
pedidos de asilo apenas às pessoas que chegam através das rotas consideradas
"seguras e legais" contradiz, segundo o ACNUR, os princípios básicos
de solidariedade internacional e responsabilidade da Convenção de 1951.
Além do Rwanda, país com
o qual o executivo de Boris Johnson assinou um acordo de extradição na
primavera, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, anunciou na semana
passada ter acordado com a Albânia o repatriamento de nacionais deste país
chegados ao Reino Unido sem documentos.
Sunak prometeu acabar
com os atrasos no processamento de migrantes ilegais até ao final do próximo
ano, anunciando a duplicação do número de funcionários dos serviços de
imigração e a utilização de antigos centros de férias, residências estudantis e
instalações militares para reduzir para metade os custos de alojamento dos
candidatos a asilo actualmente alojados em hotéis.
A questão da imigração é
altamente sensível para o Governo conservador, que assumiu a promessa feita
durante a campanha para o 'Brexit' de "retomar o controlo" das
fronteiras.
De acordo com números do
Ministério do Interior do Reino Unido, há 143 mil pedidos de asilo pendentes.
Cerca de cem mil destes estão pendentes há mais de seis meses, mais do triplo
do que há três anos.
Desde o início do ano,
quase 45 mil migrantes fizeram a perigosa travessia do Canal da Mancha em
pequenas embarcações frágeis, em comparação com 28.526 em 2021.
Cerca de um terço dos
migrantes chegados ao Reino Unido é proveniente da Albânia, um "país
europeu seguro e próspero", nos termos de Sunak no seu discurso no
parlamento, razão que, argumentou, justificou o "acordo de cooperação
reforçada".
O Reino Unido recebe
menos requerentes de asilo do que muitas nações europeias, incluindo Alemanha,
França e Itália, mas milhares de migrantes de todo o mundo viajam todos os anos
para o norte de França na esperança de atravessar o Canal da Mancha.
Londres pretende
deportar todos os migrantes que cheguem ao Reino Unido por rotas não
autorizadas, e assinar acordos como o ruandês com outros países.
O ACNUR e organizações
de defesa dos direitos humanos sublinham que existem poucas rotas autorizadas
para procurar asilo no Reino Unido, para além das rotas estabelecidas para
pessoas provenientes da Ucrânia, Afeganistão e Hong Kong.ANG/Angop
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