EUA/Três mulheres vão investigar para a ONU a repressão aos
protestos no Irão
Bissau, 20 Dez 22 (ANG)
- O Conselho de Direitos Humanos da ONU anunciou esta terça-feira que três
mulheres vão formar a missão de investigação das Nações Unidas para o Irão,
aprovada a 24 de Novembro pela assembleia deste órgão em sessão extraordinária.
Segundo um comunicado,
Sara Hossain (Bangladesh), que preside a missão, Shaheen Sardar Ali (Paquistão)
e Viviana Krsticevic (Argentina) formam o grupo cuja principal tarefa é
recolher e analisar provas de violações dos direitos humanos no quadro da
repressão aos protestos.
Hossain é advogada no
Supremo Tribunal do Bangladesh e colaborou, no passado, na investigação da ONU
sobre abusos na Coreia do Norte, Sardar Ali foi vice-presidente do Grupo de
Trabalho da ONU sobre Detenções Arbitrárias, e Krsticevic é directora executiva
do Centro de Direito e Justiça Internacional, uma organização civil para a
promoção dos direitos humanos no continente americano.
As nomeações foram
confirmadas hoje pelo actual presidente do Conselho, o embaixador argentino
Federico Villegas.
A criação da missão foi
aprovada a 24 de Novembro no Conselho de Direitos Humanos com 25 votos a favor,
16 abstenções e seis contra, entre eles o da China.
Nesse mesmo dia, a
directora internacional da Vice-Presidência da Mulher e Família do Irão,
Khadijeh Karimi, avisou que o Governo iraniano não reconhecerá o papel da
missão nem colaborará com ela.
Os protestos no Irão
começaram com a morte, a 16 de Setembro, de Mahsa Amini, uma jovem curda de 22
anos que fora detida três dias antes pela polícia da moralidade, que a manteve
sob custódia, sob a acusação do uso indevido do 'hijab', o véu islâmico.
Os protestos,
entretanto, evoluíram e agora os manifestantes, principalmente os jovens, pedem
o fim da República Islâmica, fundada pelo ayatollah Ruhollah Khomeini em 1979 e
liderada hoje por Ali Khamenei.
Após três meses de
mobilizações, com mais de 400 mortos e milhares de detenções, as autoridades
começaram a executar manifestantes para tentar controlar as mobilizações,
protagonizadas principalmente por jovens e mulheres.
O Irão anunciou 11
sentenças de morte por envolvimento em "motins" e acusa
"inimigos estrangeiros", incluindo Estados Unidos e Israel, de
estarem a fomentar a sublevação.
Segundo a Amnistia
Internacional (AI), além das 11 pessoas já condenadas, 15 são indiciadas por
crimes puníveis com pena de morte.
Grupos de direitos humanos
acreditam que os procedimentos legais foram forjados e estão preocupados com as
confissões obtidas sob tortura.
Segundo a ONU, as
autoridades do regime teocrático iraniano já prenderam cerca de 14 mil pessoas
desde meados de Setembro, enquanto a organização Iran Human Rights (IHR), com
sede em Oslo, dá conta da morte de pelo menos 469 manifestantes.
As autoridades
reportaram oficialmente mais de 200 mortes, incluindo membros das forças de
segurança, desde o início dos protestos. ANG/Angop
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