Covid-19/Especialistas alertam para
risco de novas variantes na China
Bissau, 29 Dez 22 (ANG) - Especialistas em saúde alertaram que o
aumento de casos de Covid-19 na China, à medida que o país abandona as
restrições, poderá ser um terreno fértil para o aparecimento de novas
variantes.
Beijing anunciou, na quarta-feira, o fim das quarentenas
obrigatórias à chegada ao país, a partir de 08 de Janeiro, no último vestígio
da política "zero covid", que, durante quase três anos, manteve a
China fechada ao mundo desde que a pandemia começou.
Embora o governo chinês tenha deixado de publicar o número de
casos diários, funcionários em várias cidades estimaram que centenas de
milhares de pessoas foram infectadas, ao mesmo tempo que hospitais e
crematórios estão sobrecarregados em todo o país.
Com o vírus agora livre para circular entre quase um quinto da
população mundial, muitos países e especialistas temem que a China se esteja a
tornar um terreno fértil para novas variantes.
Cada nova infecção aumenta as hipóteses do vírus sofrer uma
mutação, disse Antoine Flahault, director do Instituto de Saúde Global da
Universidade de Genebra.
"O facto de 1,4 mil milhões de pessoas serem subitamente
expostas ao SARS-CoV-2 cria obviamente condições favoráveis ao aparecimento de
variantes", disse à agência de notícias France-Presse (AFP).
Bruno Lina, professor de virologia na Universidade Francesa de
Lyon, disse ao jornal La Croix que "dada a intensa circulação do vírus, e
portanto o aumento do risco de mutações, um potencial conjunto de vírus poderá
emergir da China.
Soumya Swaminathan, que até Novembro foi cientista chefe na
Organização Mundial de Saúde (OMS), também disse que uma grande parte da
população chinesa está vulnerável, em parte porque muitos idosos não tinham
sido vacinadas.
"Precisamos de estar atentos a quaisquer variantes
emergentes de preocupação", disse, ao jornal Indian Express.
Em resposta ao aumento de surto de casos, Japão, Índia e Estados
Unidos vão exigir testes PCR a todos os passageiros provenientes da China,
medida que Antoine Flahault afirmou poder ser uma forma de contornar qualquer
atraso na informação proveniente de Pequim.
"Se conseguirmos amostrar e sequenciar todos os vírus
identificados em todos os viajantes da China, saberemos quase imediatamente se
novas variantes emergem e se espalham" no país, disse Flahault.
Xu Wenbo, chefe do instituto de controlo de vírus no Centro de
Controlo e Prevenção de Doenças chinês, afirmou que os hospitais de todo o país
vão recolher amostras de doentes e introduzir a informação sequencial numa nova
base de dados geral, permitindo às autoridades monitorizar novas estirpes em
tempo real.
Mais de 130 novas subvariantes da ómicron foram detectadas na
China nos últimos três meses, disse Xu, na semana passada.
Estas incluem XXB e BQ.1, mas BA.5.2 e BF.7 continuam a ser as principais
estirpes da ómicron detectadas na China, indicou o responsável chinês.
Uma "sopa" de mais de 500 novas subvariantes da
ómicron foi identificada nos últimos meses, sublinhou Antoine Flahault.
"Todas as variantes, quando são mais transmissíveis do que
as variantes anteriormente dominantes - tais como BQ.1, B2.75.2, XBB, CH.1 ou
BF.7 - representam definitivamente ameaças, porque podem causar novos
surtos", disse o epidemiologista.
"Hoje, nenhuma destas variantes parece apresentar novos
riscos específicos de sintomas mais graves, mas isso pode vir a acontecer num
futuro próximo", acrescentou. ANG/Angop
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