RDC/Mais de 40 mortos em ataque a
campo de deslocados
Bissau,12
Jun 23 (ANG) - Pelo menos 41 pessoas morreram no domingo à noite num ataque
do grupo rebelde Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo (Codeco) a um
campo de deslocados no nordeste da República Democrática do Congo (RDC),
anunciaram hoje as autoridades locais.
"Os milicianos da Codeco mataram 41 pessoas no campo, sete
ficaram feridas e vários alojamentos foram incendiados. Esta é a contagem
provisória", disse Richard Dheda Kondo, responsável local de Djugu, na
província de Ituri, onde se situa o campo de deslocados de Lala, em declarações
aos jornalistas.
"Para este massacre, foram utilizadas armas brancas (como
catanas) e armas de fogo", acrescentou.
O ataque, que ocorreu cerca das 01:00 de segunda-feira (23:00
TMG de domingo), foi repelido quando o exército congolês chegou ao local, disse
Kondo.
A Codeco já invadiu campos de deslocados internos antes,
incluindo um dos seus ataques mais mortíferos que provocou pelo menos 62 mortos
no campo de Plaine Savo, também em Ituri, em Fevereiro de 2022.
Algumas zonas de Ituri registaram recentemente uma grave
escalada de ataques por parte de grupos armados, nomeadamente pela Codeco, que
representa a comunidade Lendu e foi constituído como grupo armado em 2018 para
combater os abusos do exército congolês.
Alguns dos piores massacres podem ter sido actos de retaliação
contra a milícia da Frente Popular de Autodefesa de Ituri (FPAC-Zaire), que se
descreve como um grupo de autodefesa para proteger a comunidade Hema contra os
ataques da Codeco.
As comunidades Lendu (agricultores) e Hema (pastores) têm um diferendo de longa
data que causou milhares de mortos entre 1999 e 2003.
Perante esta vaga de violência, a conselheira especial da ONU
para a prevenção do genocídio, Alice Wairimu Nderitu, alertou, em meados de
Janeiro, para o risco de genocídio.
Desde 1998, o leste da RDC está mergulhado num conflito
alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão
da ONU no país (Monusco), com 16.000 soldados no terreno.
A ausência de alternativas e de meios de subsistência estáveis
levou milhares de congoleses a pegar em armas e, segundo o Barómetro de
Segurança de Kivu (KST), o extremo leste da RDC é um campo de batalha para
cerca de 120 grupos rebeldes.
Em meados de Maio, o chefe da Monusco, Bintou Keita, alertou
para o facto de pelo menos 518 civis terem sido mortos em Ituri por grupos
armados - principalmente a Codeco - desde Dezembro de 2022.ANG/Angop
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