Egipto/Papa Francisco considera inaceitável queima do Alcorão
Bissau,03 Jul 23 (ANG)
- O Papa Francisco considera que a recente queima do Alcorão em Estocolmo é um
acontecimento "inaceitável" e "condenável" e pediu que a
liberdade de expressão não seja usada como "desculpa para ofender
outros".
Numa entrevista
exclusiva ao jornal estatal dos Emirados Árabes Unidos Al Ittihad, publicada
hoje, o Papa afirma: "Permitir isso [queima do Alcorão] é inaceitável e
condenável (...). A liberdade de expressão não deve ser usada como desculpa
para ofender os outros (...). A nossa missão é transformar o sentido religioso
em cooperação, fraternidade e obras tangíveis do bem", afirmou.
Na entrevista, o Papa
referiu-se ao documento Fraternidade Humana para a Paz Mundial e a Coexistência
Comum, que assinou em fevereiro de 2019 com o xeque da mais importante
instituição do islamismo sunita (Al Azhar), Ahmed al Tayeb, durante a visita
aos Emirados Árabes Unidos.
"Agora precisamos
de construtores da paz, não de fabricantes de armas, não de instigadores de
conflitos (...). Precisamos de bombeiros, não de incendiários, precisamos de
defensores da reconciliação, não daqueles que ameaçam a destruição",
disse.
De acordo com o jornal,
o Papa acrescentou: "Ou a civilização da fraternidade ou a inimizade
retrógrada (...). Ou construímos o futuro juntos ou não haverá futuro".
No dia 28 de junho,
primeiro dia da celebração do Eid al Adha, um homem de origem iraquiana queimou
páginas de uma cópia do livro sagrado em frente à Grande Mesquita de Estocolmo,
durante uma manifestação autorizada pelas autoridades suecas que contou com a
presença de cerca de 200 pessoas.
Este ato foi condenado
popular e oficialmente no mundo árabe e islâmico e países como Arábia Saudita,
Marrocos, Jordânia e Emirados Árabes Unidos chamaram os embaixadores suecos dos
seus respetivos países.
O secretário-geral da
Liga Árabe, Ahmed Abulgueit, responsabilizou a Suécia por permitir o ato e
alertou-a sobre os "resultados e consequências deste hediondo
incidente"
No domingo, o Ministério
das Relações Exteriores da Suécia condenou a queima das páginas do Alcorão,
classificando o ato como “islamofobia”.
Em comunicado, o Governo
sublinhou que os “atos islamofóbicos cometidos durante os protestos na Suécia
podem ser ofensivos para os muçulmanos”.
Assim, “condenou
fortemente” o ocorrido, ressalvando que os incidentes em causa não refletem as
opiniões do executivo. ANG/Lusa
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