ONU/Conselho de Segurança põe
termo à missão dos capacetes azuis no Mali
Bissau, 03 Jul 23 (ANG) - A
pedido de Bamaco, o Conselho de Segurança da ONU votou nesta sexta-feira o fim
imediato da missão dos Capacetes Azuis no Mali, lançando já a partir deste
sábado uma retirada de seis meses que inaugura um período de incerteza para o
país que permanece a braços com ataques jihadistas, nomeadamente na sua
zona norte.
No passado dia 16 de Junho, perante os membros do Conselho de
Segurança da ONU, o chefe da diplomacia do
Mali Abdoulaye Diop exigiu a "retirada imediata" da
missão da ONU no seu país e denunciou o seu "fracasso".
Neste contexto, o Conselho de Segurança que tinha agendado para
esta quinta-feira uma discussão sobre a recondução da missão da ONU no Mali,
acabou por ter de mudar de planos e se conformar com o princípio que rege todas
as suas missões, a necessidade de o país hóspede concordar com a presença da
missão de paz no seu território.
Na sua resolução, os 15 países do Conselho de Segurança da ONU
adoptaram por unanimidade o fim da missão mais dispendiosa da ONU (1,2 mil
milhões de Dólares por ano) a partir de hoje.
Nos termos da resolução validada pelo Conselho de Segurança, os
capacetes azuis devem iniciar já a partir deste sábado 1 de Julho o processo
conducente à sua retirada total até ao final deste ano.
Uma retirada prematura do ponto de vista de vários responsáveis no
seio do Conselho de Segurança e nomeadamente na óptica do Secretário-Geral da
ONU.
Ainda antes de o Mali formalizar o seu pedido no sentido de a ONU
se retirar do seu território, António Guterres qualificava a presença
da Minusma como sendo "inestimável" e
recomendava a sua manutenção em efectivos constantes, recentrando-a em
prioridades limitadas.
Criada em 2013 com o objectivo de apoiar as autoridades malianas
no combate ao terrorismo, a força de manutenção da paz contabiliza actualmente
13.000 militares e cerca de 1.900 polícias.
Nestes dez anos de presença no Mali, 174 capacetes azuis foram
mortos no âmbito da sua missão.
A partir de 2020, altura em que os militares tomaram
o poder pela força no Mali, as relações entre as Nações Unidas e
Bamaco conheceram uma degradação acentuada, com a ONU a denunciar atropelos aos
Direitos Humanos e entraves à sua missão por parte da junta no poder.
No ano passado, as tropas francesas que tinham chegado
sensivelmente na mesma altura que os capacetes azuis, também acabaram por retirar-se
do Mali, num contexto de crescente antagonismo entre a Junta militar e Paris.
Refira-se ainda que de acordo com um comunicado hoje do ministério
Maliano dos Negócios Estrangeiros, o chefe da diplomacia russa garantiu o "apoio infalível" do
seu país a Bamaco. A Rússia tem vindo a envolver-se crescentemente no Mali,
nomeadamente através da presença de paramilitares do grupo Wagner com a missão,
segundo as autoridades malianas, de dar formação às forças governamentais.
ANG/RFI
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