Quénia/A justiça vai acusar pastor por massacre em que morreram 429 seguidores
Bissau,
16 Jan 24 (ANG) - A Justiça queniana vai acusar de terrorismo e homicídio Paul
Nthenge Mackenzie, um autoproclamado pastor detido desde Abril, bem como outros
94 suspeitos, no âmbito da investigação da morte de 429 seguidores da sua seita
evangélica.
O "massacre de Shakahola", que
recebeu o nome de uma floresta no Quénia, onde se reunia uma seita evangélica,
abalou este país altamente religioso da África Oriental.
Na semana passada, o tribunal deu às
autoridades 14 dias para apresentarem queixa contra Paul Nthenge Mackenzie, sob
pena de este ser libertado.
Paul Nthenge Mackenzie, motorista de táxi
antes de se proclamar pastor, está detido desde 14 de Abril, dia em que foram
descobertas as primeiras vítimas na floresta de Shakahola. Desde então, foram
encontrados 429 corpos nesta zona de mato na costa do Quénia.
A detenção de Paul Nthenge Mackenzie foi
prolongada várias vezes para permitir a busca de vítimas na floresta de
Shakahola (sudeste), local onde se reunia a sua "Igreja Internacional da
Boa Nova". O pastor pregava o jejum até à morte para "encontrar
Jesus" antes do fim do mundo.
Mackenzie e os co-arguidos serão objeto de
10 acusações, incluindo homicídio, homicídio involuntário e terrorismo.
Não foi especificado quando é que os 95
suspeitos serão presentes a tribunal, mas, segundo o comunicado de imprensa, os
tribunais pretendem "dar início ao processo o mais rapidamente
possível".
As autópsias revelaram que a maioria das
vítimas morreu de fome, provavelmente depois de terem seguido as pregações de
Paul Nthenge Mackenzie. Algumas, incluindo crianças, foram estranguladas,
espancadas ou sufocadas.
São acusadas 16 pessoas de fazerem parte de
um grupo próximo do pastor responsável por garantir que nenhum seguidor
quebrasse o jejum ou fugisse da floresta.
As autoridades foram criticadas por não
terem conseguido impedir as atividades de Mackenzie, detido em várias ocasiões
devido às suas pregações extremistas.
Num relatório publicado em Outubro, uma
comissão do Senado apontou deficiências no sistema judicial e na polícia.
O pastor foi também, em Novembro de 2023,
considerado culpado num caso de distribuição de filmes não classificados e de
gestão de um estúdio cinematográfico não licenciado para divulgar as suas
ideias, encontrando-se a cumprir uma pena de um ano no âmbito desse processo.
Este caso remonta a 2019, quando Mackenzie
foi acusado de incitar menores a não frequentarem a escola através dos seus
vídeos, bem como de difundir ideias contra hindus, budistas e muçulmanos.
O pastor, que aparecia a pregar em muitos
dos vídeos, negou as acusações, mas reconheceu que publicou as imagens no seu
canal no YouTube, ligado à Igreja que liderava. ANG/Angop
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