Cultura/ Eneida Marta canta
Okinka Pampa mas pede que sua história
seja contada através de um filme
Bissau, 22 Ago 24 (ANG) – A cantora Eneida Marta diz ter lançado a música sobre Okinka Pampa, a rainha dos Bijagós, para atingir ao mundo com as façanhas da rainha, que enfrentou os colanizadores e criou o direito das mulhesres, respeitado até hoje nas ilhas.
"Naturalmente, com essa bela homenagem feita a essa nossa rainha que foi tão importante para a Guiné-Bissau como para a África, é claro que eu quero atingir o mundo", diz.
Dona de uma das mais belas vozes da música moderna guineense, Eneida Marta traz sempre nos seus trabalhos alguma reflexão sobre a difícil situação da maioria das crianças guineenses sem nunca descurar a canseira que as mulheres enfrentam.
Como a própria diz, na história moderna da Guiné-Bissau, há e
houve sempre grandes mulheres que não podem ser esquecidas, e que uma dessas
mulheres é a Okinka Pampa, que foi a
única mulher a ser coroada rainha de um dos povos da Guiné-Bissau, o povo
Bijagó, das ilhas do mesmo nome.
"Okinka foi a rainha dos Bijagós. A rainha Okinka Pampa, como muitos
sabem, sucedeu ao seu pai e foi encarregue de proteger os ancestrais da ilha e
ser a guardiã das suas tradições. Numa época em que o colono português se
preparava para ocupar o arquipélago dos Bijagós, como parte das suas
reivindicações territoriais na África", referiu Eneida Marta.
O reinado de Okinka Pampa ocorre entre 1910 e 1930, sucedendo ao
pai, entretanto, falecido, mas foi tempo suficiente para enfrentar o
colonialismo português, acabar com a escravatura nas ilhas de Bijagós,
pacificar aquele território, que estava devastado por guerras fratricidas e
ainda fundar direitos da mulher que vigoram até os dias de hoje.
Entre o povo Bijagó, caso único na sociedade guineense, a mulher
é quem escolhe o homem com quem casar e se um dia não gostar mais desse
casamento, simplesmente despede o marido.
Eneida Marta explica que sempre quis homenagear os feitos de
Okinka Pampa e através dela, todas as mulheres guineenses. Praticamente desde
que começou a cantar de forma profissional nos finais dos anos 1990, que tinha
em mente contar a história de Okinka Pampa, através da música.
"O tema ou a música, como se preferir, de Okinka Pampa, foi criada
sensivelmente há quase um ano em Londres e então, desde aí deu-se o trabalho.
Começou-se o trabalho desde da fase embrionária que começou em Londres e depois
foi toda essa gravação ao longo dos meses e culminou com a filmagem do
videoclipe, que foi em Dezembro de 2023. Esse projeto, no fundo, está a ser
preparado há sensivelmente quase um ano," esclarece a cantora.
Agora que o projecto saiu da imaginação, Eneida Marta espera que
a música e o videoclipe sejam apreciados nos quatro cantos do mundo.
Eneida Marta acredita ter trabalhado com
os melhores realizadores de videoclipes no mercado português, daí o resultado
que surpreendeu a própria. A ideia foi oferecer algo cinematográfico a quem
assiste à música Okinka através do vídeo.
"O
objectivo de fazermos um vídeo quase cinematográfico é propositado, claro. A
ambição é muito grande em dar a conhecer a nossa Okinka Pampa. Não passa
daquilo que eu disse. O objectivo deste trabalho é atingir o mundo e dar a
conhecer Okinka Pampa. Trabalhei com um dos melhores em Portugal, que é o
Wilson, que é o videógrafo com quem trabalhei e o Índio Nunes também na
produção do vídeo. É claro que tem que chegar ao mundo. A história de Okinka
Pampa realmente é e merece ser um filme", considera a artista.
A história de Okinka Pampa é tão valiosa quanto desconhecida até entre os próprios guineenses. Eneida Marta entende que se devia aproveitar o mote lançado pela sua música de homenagem à rainha do povo Bijagó para contá-la através de um filme. "É claro que o historiador Okinka Pampa daria um grande filme, digno de prémios. Disso não tenho a mais pequena dúvida", conclui Eneida Marta, cuja nova música pode ser encontrada nas várias plataformas das redes sociais.ANG/RFI
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