Venezuela/Oposição pede dispensa de juíza que investiga resultados das presidenciais
Bissau, 21 Ago 24 (ANG) – A oposição venezuelana pediu a dispensa da presidente da Sala Eleitoral do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Caryslia Beatriz Rodríguez, organismo que a pedido do Presidente Nicolás Maduro verifica os resultados das presidenciais de julho.
O
pedido foi apresentado por Enrique Márquez, ex-vice-presidente do Conselho
Nacional Eleitoral (CNE) e um dos dez candidatos que participaram nas eleições,
argumentando que a presidente da Sala Eleitoral - um dos seis departamentos do
STJ - mantém vínculos com o Presidente e o Partido Socialista Unido da
Venezuela (PSUV, no Governo).
“Apresentámos
um pedido de dispensa da presidente da Sala Eleitoral do STJ pelos manifestos
laços políticos que manteve e mantém com o Partido Socialista Unido da
Venezuela e com o Presidente da República, Nicolás Maduro, o principal queixoso
neste caso”, disse Enrique Márquez aos jornalistas à saída do STJ.
Márquez
explicou que anexaram ao pedido “todas as provas" que têm "para
demonstrar efetivamente que a presidente da Sala Eleitoral não escondeu as suas
ligações políticas, nem no passado nem no presente”.
“É
muito difícil para uma juíza fazer justiça se não for imparcial e consideramos
que efetivamente a senhora presidente da Sala Eleitoral tem suficientes
vínculos políticos e de falta de imparcialidade”, disse.
Por
outro lado, explicou, a acompanhar a solicitação foram incluídas sete
denúncias, entre elas que a oposição não tem tido acesso aos trabalhos que está
a fazer o STJ, apesar de ser parte da causa.
Disse
ainda que já apresentaram três documentos que foram registados pelo STJ, mas
dos quais não receberam um comprovativo, e que a oposição tem sido impedida de
apresentar testemunhas na investigação em curso, apesar de a legislação
garantir essa possibilidade.
Uma
outra denúncia tem a ver com o desconhecimento do processo em curso, uma vez
que o recurso contencioso eleitoral apresentado por Maduro “não se parece em
nada com o que se está a realizar”.
“Podemos
dizer que a Sala inventou um procedimento que não conhecemos (…) não sabemos o
que virá agora, e denunciamos a irresponsabilidade, falta de idoneidade e
transparência, em que tem decorrido o processo”, explicou.
Enrique
Márquez questionou se o CNE, o STJ e o Governo venezuelano nada têm a ocultar e
por que motivo não permitem que os partidos e os candidatos observem e
testemunhem o que está a acontecer com a investigação.
“O
que vimos [através da televisão estatal] foram uns senhores que ninguém
conhece, com máscara, quase balaclavas, que ninguém sabe o que estão realmente
a fazer, que procedimentos realizam, que documentos viram, que provas
inspecionaram. Não sabemos absolutamente nada, pelo que isto presta um mau
serviço à democracia, à transparência, à fiabilidade, tanto do CNE como do
STJ”, continuou.
Em 31
de julho, Nicolás Maduro pediu ao STJ para certificar os resultados das
eleições presidenciais de 28 de julho, contestados pela oposição e não
reconhecidos por parte da comunidade internacional.
“Que
a Sala Eleitoral se reúna para resolver este ataque ao processo eleitoral e
esclareça tudo o que houver para esclarecer”, pediu.
Maduro
falava aos jornalistas em Caracas, à saída do STJ, após apresentar o pedido em
resposta às denúncias de fraude avançadas pela oposição.
Sem
divulgar o conteúdo do pedido, Maduro afirmou que o Governo e o PSUV estão
prontos para divulgar todas as atas eleitorais e acusou a oposição interna, com
a ajuda de opositores exilados no estrangeiro, de tentar “um golpe de Estado
contra o Governo, utilizando o processo eleitoral”.
Maduro pediu ainda que os resultados eleitorais sejam certificados “com um parecer de peritos do mais alto nível técnico” e explicou estar na disposição de ser convocado, interrogado, investigado e submetido à justiça. ANG/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário