Ministro do Comércio nega acusações de agricultores sobre mau preço na
compra do caju
Bissau,04 Jul 18 (ANG) - O ministro do Comércio
guineense, Vicente Fernandes, negou as acusações de vários agricultores do país
que o responsabilizam pelo «mau preço» na compra da castanha do caju,
principal produto agrícola e de exportação da Guiné-Bissau.
O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, fixou
o preço de 1.000 francos CFA (cerca de 1,5 euros) para compra de cada
quilograma da castanha, mas passados alguns meses sem que o produto fosse
comprado pelos comerciantes, o novo ministro do Comércio, Vicente Fernandes,
sob orientação do Governo, liberalizou o preço.
Nos últimos dias, a castanha tem sido comprada a
400 ou 500 francos CFA, o quilo, o que para muitos agricultores foi uma
situação provocada pelo pronunciamento do ministro que acusam de «estragar a
campanha».
«Estão a dizer que estraguei a campanha. Não é bem
assim. Eu fui o bombeiro da campanha, quando vi que ela ia ser estragada por
outros», declarou Vicente Fernandes, num encontro, em Gabu, no leste da
Guiné-Bissau, com alguns camponeses.
«Eu não posso tratar mal os camponeses, porque
também sou filho de um camponês. O meu pai, infelizmente já falecido,
trabalhou, duro, no campo como vocês para que eu possa ser hoje um doutor. É
isso que quero para vocês, que consigam ter as mesmas oportunidades de mandar
os vossos filhos para escola», observou o governante.
Vicente Fernandes acusou o Presidente guineense de
estar a utilizar a campanha de comercialização da castanha de caju para visar a
sua reeleição em 2019.
«Há uma pessoa que quer atirar a poeira para os
olhos do povo, porque quer garantir a sua reeleição enquanto Presidente da
República no próximo ano, por isso quer enganar o povo com isto da castanha do
caju», destacou Fernandes.
O ministro disse que ainda não estava no Governo,
mas já defendia que o preço de 1.000 francos CFA por quilo não ia resultar.
Vicente Fernandes pede aos camponeses que vendam a
castanha «enquanto é tempo», antes que a chuva se intensifique no país, caso
contrário os compradores indianos e vietnamitas irão recusar o produto.
«Com a chuva o indiano ou o vietnamita, que têm o
dinheiro, começam a dizer ‘no good, no good' (‘não é bom, não é bom’) e não
compram mesmo. Aí o Estado não pode fazer nada para os obrigar a comprar»,
alertou Fernandes, exortando os camponeses a não darem ouvidos «aqueles que
enganam», com «promessas de milagres».
O governante referia-se ao preço de 1.000 francos
CFA o quilo, que disse, «nunca vai chegar». ANG/Lusa
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