Trump declara
vitória sobre a UE, mas França expressa cepticismo com acordo
Bissau,
27 Jul 18 (ANG) – O Presidente
norte-americano, Donald Trump, reivindicou na quinta-feira vitória nas
negociações com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, ao
discursar perante agricultores, apesar do cepticismo já expresso pela França
sobre a concretização do acordado.
“Acabámos
de abrir a Europa para vocês, agricultores!”, declarou Trump, durante uma
visita a uma quinta no Estado do Iowa.
Washington
e Bruxelas amorteceram na quarta-feira a crise nascida da aplicação de tarifas
pelos EUA às importações de aço e alumínio provenientes da União Europeia,
anunciando a sua vontade de suprimir a quase totalidade das tarifas
alfandegárias, bem como um conjunto de decisões na agricultura, indústria e
energia.
Apesar
de estas medidas ainda têm de ser formalizadas, o secretário do comércio
norte-americano, Wilbur Ross, já as considerou “uma justificação real da
política comercial do presidente” norte-americano contra os parceiros dos EUA.
“Tivemos
uma longa sessão de negociações (na quarta-feira). Definimos os contornos de um
acordo e, agora, vamos transformá-los num verdadeiro acordo”, garantiu o
secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, na estação televisiva CNBC, no dia
seguinte ao da reunião entre Trump e Juncker.
Contudo,
o presidente francês, Emmanuel Macron, já afirmou que “o contexto não permite”
uma tal negociação, detalhando que esperava “sinais de desescalada sobre o aço
e o alumínio, aos quais foram aplicadas taxas ilegais pelos EUA”, que
considerou como algo “prévio a qualquer avanço concreto”.
Para
Macron, “uma boa discussão comercial (…) só se pode fazer em bases
equilibradas, recíprocas e em nenhum caso sob ameaça”.
Enquanto
a União Europeia está, desde 01 de Junho, sujeita a taxas alfandegárias
punitivas por parte dos EUA, que aplicou 25% às importações do maço e 10% às de
alumínio, Mnuchin reconheceu que “o primeiro dossier” a resolver é precisamente
o relativo às taxas sobre o aço e o alumínio e às represálias europeias que se
seguiram.
Porém,
não desenvolveu a maneira como as partes iriam resolver o assunto.
Mnuchin também reconheceu que não serão aplicadas taxas alfandegárias às importações do sector automóvel europeu durante as negociações.
Mnuchin também reconheceu que não serão aplicadas taxas alfandegárias às importações do sector automóvel europeu durante as negociações.
A
Casa Branca tinha encarregado, no final de Maio, Wilbur Ross, de determinar a
oportunidade de impor taxas suplementares, que poderiam atingir os 25% sobre os
automóveis.
Questionado
sobre o calendário das negociações com a União Europeia, Ross declarou aos
jornalistas que era “difícil pronunciar-se”, avançando que “as discussões sobre
o comércio duram em geral meses”, inclusive anos. “Vamos esforçar-nos por as
acelerar”, acrescentou.
O
compromisso anunciado na quarta-feira ocorreu quando cada vez mais empresas
norte-americanas, como a fabricante de electrodomésticos Whirlpool ou o
construtor automóvel General Motors, estão a registar centenas de milhões de
dólares de custos adicionais nas suas contas trimestrais, devido á guerra
comercial iniciada por Trump.
A
trégua anunciada na quarta-feira suscitou reacções contrastadas.
A
Alemanha, cujos excedentes comerciais recordes e cuja indústria automóvel estão
na mira da política proteccionista de Trump, julgou “construtivo” o resultado
da reunião Trump-Juncker.
Já o
ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, estimou que “uma boa discussão
comercial só se pode fazer em bases claras”.
Por
exemplo, apesar de Trump ter anunciado que a União Europeia ia importar “muita
soja” dos EUA, da qual 94 por cento da produção é geneticamente modificada,
Bruno Le Maire exigiu que a agricultura “fique de fora do campo das
negociações”.
Insistindo
neste ponto, acrescentou: “Nós temos normas sanitárias, alimentares e
ambientais elevadas e regras de produção às quais estamos vinculados, porque
elas garantem a protecção e a segurança dos nossos consumidores”. ANG/Lusa/Inforpress
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