Cipriano Cassamá anuncia candidatura às presidenciais de novembro
Bissau,10 Jul 19(ANG) - O presidente da Assembleia
Nacional Popular (ANP) , Cipriano Cassamá, anunciou terça-feira, em Luanda, que
vai ser candidato às presidenciais marcadas para 24 de novembro próximo.
Cipriano
Cassamá, que falava aos jornalistas após ter sido recebido em audiência pelo
Presidente de Angola, João Lourenço, indicou que, caso seja eleito, indicará o
líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC,
vencedor das legislativas), Domingos Simões Pereira, para o cargo de
primeiro-ministro.
"Depois de
uma reflexão profunda, enquanto primeiro vice-presidente do partido [PAIGC],
decidi candidatar-me às eleições presidenciais. Confirmo que sou candidato e
serei candidato a essas eleições de 24 de novembro",afirmou Cipriano Cassamá.
A questão
fora posta pela agência Lusa, depois de Cipriano Cassamá, durante os trabalhos
da IX Assembleia Parlamentar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP), que terça-feira se iniciou em Luanda, ter dito que não estaria presente
na próxima reunião da instituição, porque será, então, já Presidente da
Guiné-Bissau.
Confrontado
pela Lusa, Cipriano Cassamá confirmou a candidatura e e não se mostrou
preocupada com outras s candidaturas vindas do próprio PAIGC, nomeadamente em
relação a Domingos Simões Pereira, e a do antigo primeiro-ministro Carlos Gomes
Júnior, afastado em 2012, quando então se preparava para a segunda volta das
presidenciais desse ano.
"Domingos
Simões Pereira é o presidente do meu partido. Com ele tenho uma aliança. Eu
desisti no Congresso de Cacheu (2014). Fui com 379 delegados. Eu era candidato
para ser presidente do partido. Dado algumas considerações, desisti da minha
candidatura, fizemos uma aliança e ele é presidente do partido e continuo a ter
muita confiança nele", explicou.
"Penso que, enquanto Presidente da República, dentro de cinco a seis
meses, ele voltará a chefiar o Governo da Guiné-Bissau. Tudo farei, porque,
neste momento, já temos apoios internos no partido e ao nível das outras
instituições da República. Penso que quanto a Domingos Simões Pereira não
haverá problema",acrescentou.
"Eu, enquanto
candidato à Presidência da República, ganharei as eleições e convidarei o
presidente do PAIGC para assumir o Governo", insistiu.
Em
relação a Carlos Gomes Júnior e a eventuais outros candidatos, Cipriano Cassamá
foi mais evasivo.
"Quanto a outros candidatos, nós
conhecemo-nos bem. Tudo o que fiz durante estes cinco anos, fi-lo com sentido
de Estado e de responsabilidade, cumprindo o regimento da Assembleia Nacional
Popular (ANP) e a Constituição da República. Defendi o Estado da Guiné-Bissau e
contra as pessoas que queriam pôr em causa a normalidade
constitucional", sustentou.
Questionado
pela Lusa sobre a possibilidade de um eventual adiamento do ato eleitoral,
Cipriano Cassamá declarou que não vê razões para tal e mostrou-se convicto de
que a votação ocorrerá na data marcada, no final de junho, pelo Presidente
guineense, José Mário Vaz.
"Da parte do PAIGC, dos partidos políticos, da coligação [com maioria na
Assembleia Nacional Popular], e enquanto presidente do parlamento, pensamos que
não há razões para o adiamento dessas eleições. Falei com o Presidente de
Angola e reafirmei o pedido para continuarem a acompanhar a Guiné-Bissau, não
só nos financiamentos, mas em tudo o que é necessário para que as eleições se
realizem e que não sejam adiadas", respondeu.
Cipriano
Cassamá lembrou que a Guiné-Bissau contou com o apoio de Angola no processo que
permitiu ao país alcançar a paz, bem como a formação do novo Governo, liderado
por Aristides Gomes, durante a polémica em torno da nomeação de um novo chefe do
executivo de Bissau, que envolveu o Presidente guineense, José Mário Vaz.
Nas
declarações aos jornalistas, a segunda figura da hierarquia do Estado guineense
teceu duras críticas ao chefe de Estado guineense, acusando-o de estar a
utilizar uma "interpretação
pessoal da Constituição da República".
"Não é nada
normal. Penso que, quem conhece bem a nossa Constituição, é clara, explícita e
tem de se cumprir", disse, salientando que, na Guiné-Bissau quem
tem de governar é o executivo e não o Presidente da República.
Mais de
três meses após as eleições legislativas de 10 de março, José Mário Vaz
rejeitou indigitar como primeiro-ministro o presidente do PAIGC, que depois
acabou por indicar Aristides Gomes, então chefe do Governo cessante, para o
cargo, o que o chefe de Estado aceitou, mas sem nomear imediatamente o novo
exexutivo.
O novo
Governo foi nomeado a 03 de julho, quase quatro meses depois das eleições
legislativas, e no último dia do prazo dado pela Comunidade Económica dos
Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Cipriano
Cassamá referiu-se também à nomeação do novo procurador-geral da República
guineense, criticando novamente José Mário Vaz, lembrando que o comunicado
final da reunião de chefes de Estado e de Governo da CEDEAO, realizada a 29 de
junho na Nigéria, foi claro a esse respeito.
"De acordo com o comunicado dos chefes de Estado e de Governo da CEDEAO,
os partidos políticos com maioria parlamentar proporiam três nomes. Dos três
nomes, o presidente cessante [José Mário Vaz] escolheria um. Mas fez tudo ao
contrário. Isso preocupa-nos, e esperamos que haja bom senso da parte dele e de
todos nós para que a Guiné-Bissau volte à estabilidade de uma maneira
definitiva e que resgatemos a nossa credibilidade ao nível nacional e internacional", concluiu.ANG/Lusa
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