Caso 01
de fevereiro/
Tribunal Regional de Bissau adia
julgamento dos suspeitos do golpe de Estado
Bissau, 06 dez 22 (ANG) – O Tribunal Regional
de Bissau adiou o julgamento dos vinte e cinco suspeitos do golpe de Estado que
estava previsto para hoje, 06 de Dezembro, para uma nova data a anunciar.
No Despacho a que ANG teve acesso hoje, o juíz justifica a decisão com, o que diz,
constatar interdição do trânsito de todas as avenidas circundantes do Tribunal
Regional de Bissau, decorrentes da
execução das obras por um lado e, alarido das máquinas da referida empreitada, por
outro lado.
Acrescentou que verificando a necessidade de
adoptar medidas cautelares que visam evitar transtornos da ordem logistica
durante o transporte dos suspeitos para o Tribunal, por um lado e por outro assegurar
curso normal do julgamento.
Assim sendo, segundo o documento, fica
prejudicado o julgamento previsto para ter lugar hoje, dia 06 de dezembro do
ano em curso.
No mesmo despacho o Tribunal promete em
momento oportuno designar a nova data do
julgamento, logo que são expuradas os obstáculos acima descritas.
Entretanto, o advogado Marcelino Intupé, que representa 18 detidos, entre militares e civis
acusados de tentativa de golpe na Guiné-Bissau
já teria dito a LUSA na segunda-feira
recear que o julgamento daqueles, cujo início está marcado para terça-feira,
venha a ser adiado.
Intupé disse ter este pressentimento com base “nas manobras em curso”,
alegadamente por parte do poder político, em transferir o processo do
Ministério Público para a Promotoria da Justiça Militar.
O Tribunal Regional de Bissau marcou para terça-feira, dia 6 de dezembro, o
início de julgamento de 25 dos cerca de 40 detidos suspeitos de envolvimento na
tentativa de golpe de Estado de 1 de fevereiro passado.
Entre as 25 pessoas a serem julgadas, três serão à revelia por se encontrarem
em paradeiro incerto.
O advogado referiu ainda que o espancamento de que foi alvo na sua residência,
no dia 29 de novembro último, conforme disse, por homens fardados com uniforme
militar, faz parte do plano para impedir que compareça na sala “de um eventual
julgamento”, caso venha a ter lugar no dia 6 de dezembro.
Não acredito (no julgamento) porque até agora não tenho conhecimento de que de
facto os suspeitos foram notificados. A informação que tenho é de que o
Estado-Maior (das Forças Armadas) recusou que estas pessoas sejam notificadas”,
disse Marcelino Intupé.
O advogado acrescentou que sem que os suspeitos tenham sido notificados não
pode haver o seu julgamento, ainda que os seus defensores oficiais tenham sido
informados legalmente do início do processo no Tribunal Regional de Bissau.
Marcelino Intupé afirmou estar na posse de informações que indicam que, “pelo
menos duas vezes”, o novo Procurador-Geral da República, Edmundo Mendes, a
ministra da Justiça, Teresa Alexandrina da Silva, e o presidente do Tribunal
Militar Superior, Quintino Quadé, teriam feito reuniões para mandar o processo
para a justiça militar.
Para o advogado, a estratégia do poder político “é de mandar acusar”
algumas pessoas “que considera como envolvidas” na tentativa de golpe de
Estado por não terem sido acusadas neste momento pela justiça civil, observou.
Intupé receia que a situação venha a retirar credibilidade ao processo e
que “faça demorar ainda mais a descoberta da verdade sobre o que realmente
se passou” no dia 1 de fevereiro passado.
Nesse dia, homens com armas do exército guineense atacaram o palácio do
Governo, numa altura em que decorria uma reunião do Conselho de Ministros,
presidida pelo chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco Embaló.
Mesmo com os receios, Marcelino Intupé prometeu estar presente na sala de
julgamentos na próxima terça-feira.
Questionado sobre se tenciona apresentar queixa-crime contra os autores do
ataque de que foi alvo, o advogado disse que pessoalmente não pretende tomar
nenhuma diligência, mas disse ter conhecimento da intenção da Ordem dos
Advogados da Guiné-Bissau de tomar medidas judiciais nesse sentido.
“Penso que por ser um crime público nem é preciso a minha intervenção, a
Polícia Judiciária tem de fazer o seu trabalho”, observou Marcelino Intupé.
Os advogados dos militares acusados da
suposta tentativa de golpe de Estado de 1 de fevereiro “ordenam a soltura de
todos presos, com efeitos imediatos antes do julgamento", marcado para
esta terça-feira (06.12.).
A exigência consta de um requerimento, datado
de 29 de novembro, a que o e-Global teve acesso, e enviado ao Juiz da Vara
Crime do Tribunal Regional de Bissau. Lê-se no documento “que sejam cumpridos
na íntegra os anteriores despachos (tanto do Ministério Público, assim como do
JIC) que ordenaram a soltura e consequente alteração de medidas de coação”.
Os advogados observam, aliás, que está
“ultrapassado o prazo da prisão preventiva previsto na lei”, tanto mais que há
detidos, cujos processos não foram acusados.
Os quatro advogados dos 25 suspeitos que vão
ao julgamento no dia 6 de dezembro consideram, por outro lado, que “há
casos mais graves em que alguns detidos estão gravemente doentes, cujos
advogados requerem a liberdade para afeitos de tratamento num centro médico
especializado que o país não dispõe, conforme os pareceres médicos, mas que
foram negados esse direito à saúde”.
José Américo Bubo Na Tchutu, ex-Chefe de
Estado Maior da Armada consta da lista dos suspeitos, cujos julgamentos devem
iniciar esta semana.ANG/LPG/ÂC
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