China/ Aligeiramento das medidas sanitárias suscita esperança
Bissau,09
Dez 22(ANG) - Na China, até agora a aplicar a política de "Zero Covid"
as autoridades, sob a pressão dos manifestantes, aligeiraram o dispositivo. A
população, caso de Xangai, ainda padece de múltiplos travões relacionados com a
doença, mas começa a acreditar que progressivamente se volte a alguma
normalidade.
Jason Santos a partir de Xangai faz-nos o relato de uma cidade onde ainda se vêem muitas filas de espera para testes de Covid-19 e onde o certificado de vacinação ou de saúde ainda é muito exigido.
Porém o aligeiramento das
medidas tem deixado a população
ansiosa quanto a um regresso progressivo à normalidade, com o país,
como os demais, a ter que aprender também a viver com o vírus.
Foi há 3 anos que os
primeiros casos foram diagnosticados na China de Covid-19, uma pandemia que
levou à adopção de uma muito rigorosa política de isolamento dos doentes, mas
que agora é alvo de algum abrandamento por parte das autoridades.
Um aligeiramento que não é alheio aos múltiplos
protestos denunciando o cansaço da população pela dureza das
quarentenas impostas, com um severo impacto económico.
O país caminha para a sua
menor taxa de crescimento em quatro décadas, os números do comércio externo
atingiram o seu nível mais baixo desde o início de 2020.
O Partido comunista, sem
renegar a política oficial de "Zero Covid" dá agora provas de
um discurso mais sereno relativamente ao novo coronavírus.
As
autoridades chinesas preveniram a 31 de Dezembro de 2019 a OMS (Organização
mundial da saúde) de casos de uma pneumonia desconhecida detectada em Wuhan,
capital da província de Hubei, no centro da China.
O primeiro óbito a deplorar
foi registado em Pequim a 11 de Janeiro de 2020, escassos dias após a
identificação de um novo coronavírus, a 7 de Janeiro.
Eis aqui o relato de Jason Santos, cidadão português radicado em
Xangai.
"Andamos todos muito
contentes neste momento porque basicamente
todas as restrições foram levantadas. Mas, apesar de a mensagem oficial
ser de não serem necessário mais códigos de saúde, mais códigos de viagem
etc. Na realidade existem muitos espaços públicos que continuam a exigir
os códigos.
Portanto continuamos a
precisar de um código verde. Continuamos
a precisar de testar.
O problema agora é que, como
os postos que existiam, e existiam muitos postos por todas as cidades do país
onde podíamos fazer os testes do COVID, muitos desses postes foram entretanto encerrados nestes
últimos dois dias desde o anúncio das alterações às políticas.
E, agora, começam a
acumular-se filas intermináveis de
gente que precisam dos testes para ir para o trabalho etc.
Portanto neste momento os hospitais
e as escolas ainda exigem testes contínuos.
O que, como estava a
explicar, é um problema as pessoas chegam a estar duas e três horas à espera
para fazer testes de COVID, mas temos alguma esperança de que as coisas tenham
mudado.
Essencialmente a mensagem
oficial é “Fizemos tudo o que deveríamos ter feito durante estes três anos,
salvámos muita gente com as políticas que implementámos” e agora que esta
variante COVID não é tão séria…vamos tentar atingir… não atingir imunidade, mas
a imunidade de grupo como aconteceu um pouco por todo o mundo, mas vamos tentar
aguentar, digamos assim, a situação.
E cada um agora é
responsável por si e pela sua saúde e a saúde daqueles que o rodeiam.
O que é uma mudança radical ! Aconteceu literalmente de
um dia para o outro esta mudança. E agora as restrições
estão ainda a ser levantadas.
Vamos continuar a ouvir mais
restrições a ser levantadas nos próximos dias, nas próximas semanas. Mas a esta
altura já praticamente não há
quase limites à circulação interna. Podemos ir de província para
província, de cidade para cidade com poucas excepções.
O que nos dá algum alento,
sinceramente nos dá algum alento porque já começava, entre o fecho que houve em
Xangai que durou quase metade do ano, e outros fechos noutras partes do
país...Esporadicamente, isto estava já a ter um impacto psicológico muito grande na população !
Mas agora estamos com alguma
esperança. Claro que existe algum receio porque ainda existe um número elevado
de pessoas que não estão vacinadas, mas diria que os próximos dois, três meses
vão, se as coisas continuarem desta forma, os próximos dois, três meses vão ser
bastante interessantes a nível da análise da pandemia porque, obviamente, os números vão aumentar.
Não há de forma lógica, não podemos negar essa tendência: os números de
infectados vão aumentar. Portanto vamos ter de tomar as devidas precauções, mas
diria que, nesse sentido, é como qualquer outro país à volta do mundo: vamos ter de aprender a viver com o vírus."ANG/RFI
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