União Europeia/Kremlin diz que adesão de Ucrânia e Moldova visa prejudicar Rússia
Bissau, 15 dez 23 (ANG) – O
Kremlin afirmou hoje que a decisão de abrir negociações de adesão à União
Europeia com a Ucrânia, Moldova e Geórgia visa “prejudicar a Rússia” e avisou
que a entrada desses países “vai desestabilizar” o bloco comunitário.
Em conferência de imprensa hoje realizada, um dia depois do Conselho Europeu ter aberto negociações de adesão, o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, alegou que aqueles países não “cumprem os critérios” para estar na União Europeia e considerou que a decisão é “apenas politizada”.
Peskov elogiou a posição da
Hungria, referindo que está a defender os seus interesses, “ao contrário de
muitos países europeus”, numa referência ao facto de o primeiro-ministro
húngaro, Viktor Orban, ter bloqueado uma nova ajuda da União Europeia à
Ucrânia.
“A Hungria é um país
soberano, tem os seus interesses. E, ao contrário de muitos países europeus,
defende firmemente os seus interesses, o que nós apreciamos”, disse o porta-voz
da presidência russa.
A Rússia tem vindo a travar
uma ofensiva contra a Ucrânia há quase dois anos e Viktor Orban é o único líder
da UE que mantém laços estreitos com o Kremlin.
Apesar do veto húngaro, os
chefes de Estado e de governo da União Europeia esperam chegar a um acordo no
início de 2024 para continuar a prestar assistência financeira à Ucrânia.
“Conseguimos um texto aceitável
para 26 Estados-membros, mas foi impossível convencer o primeiro-ministro Orbán
a aceitá-lo. Parece que teremos de nos reorganizar no próximo ano para chegar a
um acordo ou encontrar uma solução alternativa”, afirmou hoje o
primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, à chegada à cimeira dos líderes em
Bruxelas para o segundo dia de trabalhos.
O veto da Hungria impediu
esta manhã de se chegar a acordo sobre o pacote de 50 mil milhões de euros de
ajuda à Ucrânia para os próximos quatro anos, apesar de os restantes
Estados-membros terem apoiado a última proposta de revisão do orçamento
comunitário para 2021- 2027, em que se enquadram estas ajudas.
Em vez de continuarem hoje
as negociações, os líderes decidiram adiar a decisão para janeiro com o
objetivo de tentar que a Hungria adira ao consenso e que a ajuda a Kiev seja
incluída no orçamento comunitário, embora exista a possibilidade de continuar a
financiar a Ucrânia com um acordo intergovernamental que deixe Budapeste de
fora.
“É possível que os 26 Estados-Membros
forneçam o dinheiro bilateralmente, não através do quadro financeiro plurianual
ou dos instrumentos da UE, mas não é isso que queremos. Achamos que é possível
ter um acordo a 27 e queremos que isso aconteça no novo ano”, disse Varadkar.
Orbán associou hoje o seu
apoio à ajuda à Ucrânia ao desbloqueio pela Comissão Europeia de todos os
fundos a Budapeste que mantém congelados devido a violações do Estado de
direito, dos quais já libertou 10,2 mil milhões de euros na quarta-feira,
depois de ser aprovada uma reforma na justiça húngara.ANG/Lusa
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