Kampala/Líderes dos países não-alinhados querem maior cooperação face a crises
Bissau, 15 Jan 24 (ANG) - Dezenas de chefes de Estado e de Governo reúnem-se a partir desta segunda-feira na 19.ª Cimeira do Movimento dos Não-Alinhados (MNA), que se prolongará em Campala até sábado, com o objetivo de melhorar a cooperação face às crises internacionais.
A cimeira começa
segunda-feira com conferências preparatórias para a reunião de chefes de Estado
e de Governo, marcada para sexta-feira e sábado, noticiou o site Notícias ao
Minuto.
"A cimeira
tornar-se-á uma plataforma para a cooperação e a segurança globais e para a
promoção dos nossos objetivos comuns", afirmou o Presidente do Uganda,
Yoweri Museveni, em Novembro passado.
"O Uganda está
pronto para mostrar a sua hospitalidade e contribuir para o sucesso da
cimeira", acrescentou Museveni, que está no poder desde 1986.
Desde a criação da MNA,
em 1961, esta é a sexta vez que os 120 Estados membros se reúnem num país
africano, depois das cimeiras na Zâmbia (1970), Argélia (1973), Zimbabwe
(1986), África do Sul (1998) e Egipto (2009).
Desta vez, o fórum
realizar-se-á no Centro de Convenções Speke, um hotel bucólico nas margens do
Lago Vitória, com um auditório com capacidade para 4.400 pessoas e 12 salas de
conferências.
Neste canto sul de
Kampala, os líderes discutirão questões como a segurança global, a luta
internacional contra o terrorismo, a migração, as crises humanitárias e a Agenda
2030 para o Desenvolvimento Sustentável, entre outras, sob o tema
"Aprofundar a Cooperação para uma Riqueza Global Partilhada",
anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros ugandês, Jeje Odongo.
Além disso, Museveni
tornar-se-á o novo presidente rotativo do MNA, um cargo ocupado desde 2019 pelo
presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev.
O Uganda vai receber
líderes de todo o mundo, embora ainda não exista uma lista oficial de
participantes.
O MNA, uma das maiores
organizações de Estados do mundo, é composta por 53 países de África, 39 da
Ásia, 26 da América Latina e das Caraíbas e dois da Europa.
"Vamos acolher 168
delegações de 135 países, bem como um grande número de organizadores
internacionais e Estados observadores", disse o secretário permanente do
Ministério dos Negócios Estrangeiros do Uganda, Vincent Bagiire.
A cimeira surge numa
altura em que, face a crises internacionais como a guerra de Israel contra o
Hamas na Faixa de Gaza ou o conflito da Rússia na Ucrânia, o Sul Global exige
uma maior voz nos organismos internacionais, incluindo o Conselho de Segurança
da ONU, para o qual pedem uma reestruturação.
De facto, espera-se que
a cooperação Sul-Sul seja outro dos principais temas da cimeira, com as
conversações a começarem segunda-feira com reuniões de altos funcionários dos
países do MNA, antes das ministeriais agendadas para quarta e quinta-feira.
A cimeira de chefes de
Estado e de Governo terá início com os discursos de Museveni, Aliyev, do
Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, e do secretário-geral da ONU, António
Guterres, entre outros, de acordo com um programa provisório enviado hoje à EFE
pelos organizadores.
Para garantir a
segurança de todos os participantes, o Uganda criou um forte dispositivo de
segurança, encerrando estradas e impondo restrições de acesso às áreas próximas
do Centro de Convenções Speke.
A segurança é uma das
principais prioridades do Uganda, depois de as embaixadas de alguns países
ocidentais, como as dos Estados Unidos e do Reino Unido, terem alertado para a
possibilidade de ataques terroristas no país.
Nos últimos anos, o
grupo rebelde Forças Democráticas Aliadas (ADF), com sede na vizinha República
Democrática do Congo (RDC) e com ligações pouco claras ao Estado Islâmico (EI),
tem efetuado ataques esporádicos em solo ugandês.
Mas a presidente do
comité organizador da cimeira, Lucy Nakyobe, sublinhou esta semana que "o
país está seguro e pronto para receber visitantes internacionais".
Em 21 deste mês, um dia
depois da cimeira do MNA, o Uganda acolhe também a Terceira Cimeira do Sul do
Grupo dos 77 (G77) + China, que decorrerá durante três dias, com Cuba a ceder a
presidência rotativa do bloco ao país africano.
O G77, um grupo de 133
Estados membros, excluindo a China, é a maior coligação de países do Sul
Global.
Estas duas cimeiras mundiais são das maiores que o Uganda organizou depois da cimeira da Commonwealth em 2007.ANG/Angop
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