ONU/ Há
que reconfigurar coordenação regional para se evitar mais golpes de Estado em
África – ONU
Bissau,
15 Jan 24 (ANG) – O chefe do gabinete da ONU para a África Ocidental
e Sahel (UNOWAS) afirmou sábado que é necessário “um mecanismo de
coordenação regional reconfigurado para se evitar mais golpes de Estado” e
combater a insegurança generalizada.
O
chefe do UNOWAS, Leonardo Santos Simão apresentou ao Conselho de Segurança das
Nações Unidas (ONU) o mais recente relatório relativo ao período de 30 de junho
a 31 de dezembro de 2023.
“Embora
tenham sido feitos progressos significativos na consolidação da democracia, a
situação de segurança e os desafios de governação continuam a ser preocupações
importantes”, declarou Santos Simão.
Um
exemplo dado foram as eleições da Libéria, que “demonstraram a capacidade das
instituições para realizar escrutínios credíveis e estabelecer um Governo com
legitimidade constitucional”, segundo Santos Simão.
“No
Senegal, o entusiasmo pela escolha do próximo líder do país nas próximas
eleições presidenciais de 25 de fevereiro é também palpável. O Gana também
demonstrou o seu empenho na democracia, com o envolvimento dos dois
principais partidos num processo transparente para as eleições gerais de
dezembro de 2024”, referiu.
A
diretora regional do gabinete para a África Ocidental, o Sahel e a Bacia
do Lago Chade do Instituto de Estudos de Segurança, Lori-Anne
Theroux-Benoni, alertou, na reunião, para a “rápida expansão do terrorismo, e
uma série de golpes de Estado”,que levantam desafios à região.
A
responsável frisou ainda que a retirada da Missão Multidimensional
Integrada das Nações Unidas para a Estabilização do Mali (MINUSMA) e a dissolução
do Grupo dos Cinco para o Sahel (G5 Sahel) “são condições para a
criação de um vazio de segurança regional”.
“Não
existe uma solução milagrosa a curto prazo”, referiu, sublinhando a necessidade
de reforçar a coordenação nacional e regional e de implementar uma abordagem
preventiva para evitar a criação de condições para um golpe de Estado
subsequente.
Para Theroux-Benoni,
“o objetivo não é encorajar transições militares de longa data, mas sim
regressar à ordem constitucional”.
Na
reunião que se seguiu, os delegados que estavam presentes no Conselho de
Segurança declararam que era imperativo que os países em transição
política cumprissem os seus calendários eleitorais e garantissem a
consolidação democrática, a boa governação, o Estado de direito, o respeito
pelos direitos humanos, a igualdade de género e o desenvolvimento sustentável.
O
representante da Serra Leoa, Michael Imran Kanu, que falou também em nome
da Argélia, da Guiana e de Moçambique, chamou a atenção para o crescente
afastamento da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO),
lamentando “as crescentes tensões políticas causadas pela passagem de mudanças
de Governo democráticos para inconstitucionais em alguns países da região”.
“Deve
haver um envolvimento contínuo entre a ONU, a União Africana e a CEDEAO para
garantir o apoio ao reforço da governação e do Estado de direito nesses
países”, concluiu o representante.
ANG/Lusa/Lusa
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