China/Enviado Li Hui diz que proposta de Pequim para pôr fim ao conflito na Ucrânia tem apoio de 110 países
Bissau,
05 Ago 24 (ANG) – O enviado especial de Pequim para os assuntos
euro-asiáticos, Li Hui, afirmou hoje que a proposta de Pequim para pôr fim à
guerra na Ucrânia tem o apoio de 110 países.
Li
Hui esteve no Brasil e na África do Sul, na semana passada, no âmbito daquela
que é a sua quarta missão de paz, desde maio do ano passado.
A
China tem procurado posicionar-se como parte neutra no conflito na Ucrânia, que
já entrou no terceiro ano, apesar da sua crescente aproximação a Moscovo.
Pequim
procurou contrariar as críticas de que apoia a Rússia na sua campanha na
Ucrânia e apresentou um documento composto por 12 pontos sobre o conflito, no
ano passado, que foi recebido com ceticismo pelo Ocidente.
Na
África do Sul, e propósito do documento proposto por Pequim, Li disse que a
China está disposta a reforçar a comunicação e a coordenação com o país
africano e a promover a formação de uma "base comum mais alargada"
que reúna o consenso internacional baseado "em seis entendimentos
comuns", segundo indicou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros
chinês, num comunicado.
Segundo
a mesma nota informativa, Li disse que a proposta de Pequim recebeu
"respostas positivas" de mais de 110 países.
Tal
como a China, a África do Sul não condenou a Rússia pela invasão da Ucrânia e
manteve um relacionamento ativo com Moscovo durante a guerra.
Joanesburgo
também envidou esforços para pôr fim ao conflito, liderando uma delegação
africana de paz a Kiev no ano passado.
Foi
uma das dezenas de nações em desenvolvimento, incluindo o Brasil, que não
assinaram o comunicado final da cimeira de paz apoiada pela Ucrânia, realizada
na Suíça, em junho passado.
A
China faltou à reunião, insistindo na "participação igualitária" da
Rússia e da Ucrânia. A Rússia não foi convidada para a cimeira.
Após
a cimeira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou Pequim de ajudar
Moscovo a minar a reunião, que visou obter mais apoio internacional para uma
solução baseada numa fórmula de paz de 10 pontos proposta por Kiev.
O
plano de paz da Ucrânia exige a retirada total das tropas russas dos seus
territórios ocupados, incluindo a Crimeia e partes de quatro províncias do
leste da Ucrânia.
No
entanto, têm surgido alguns sinais de que a Ucrânia e a Rússia estão dispostas
a dialogar.
No
final do mês passado, na sua primeira visita à China desde o início da guerra,
o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, disse ao seu
homólogo chinês, Wang Yi, que Kiev estava disposta a negociar se Moscovo agisse
de "boa-fé".
A
Rússia afirmou que está aberta a conversações, mas que a Ucrânia deve primeiro
abandonar a sua candidatura à NATO e retirar-se das suas quatro províncias mais
a leste.
Durante
a sua visita ao Brasil, Li Hui afirmou que a integridade territorial de cada
país deve ser respeitada, mas que as exigências para que a China pressione a
Rússia a pôr fim à guerra são "irrealistas".
"A
China não é participante no conflito. A Rússia é um país independente e
soberano, um membro de pleno direito do Conselho de Segurança da ONU",
disse Li, citado pelo jornal brasileiro Folha de S. Paulo.
"A
China e a Rússia são parceiros estratégicos. Não podemos forçar a Rússia a
fazer o que queremos", vincou.
Não
há "nenhuma solução simples" para o conflito na Ucrânia, acrescentou,
avançando, no entanto, que a China e o Brasil querem impulsionar o consenso de
seis pontos a ser adotado pelas Nações Unidas na Assembleia-Geral ainda este
ano, para servir como uma proposta oficial para levar os dois lados à mesa de
negociações.
A
Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais
desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
Os
aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia
russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de
guerra na Ucrânia.
A ofensiva militar russa no território ucraniano mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). ANG/Lusa
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