quarta-feira, 17 de maio de 2017

EUA



             Trump defende direito de partilhar dados com a Rússia

Bissau, 17 Mai 17 (ANG) - O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que está a ser acusado de partilhar informações secretas com a Rússia, declarou terça-feira ter o “direito absoluto” de passar estes dados, o que está a provocar fortes críticas na sociedade numa altura em que a Casa Branca atravessa uma fase delicada depois da demissão do director da Polícia Federal (FBI).
 
“Como Presidente, quis compartilhar com a Rússia (num evento aberto da Casa Branca), como é meu direito absoluto, factos sobre terrorismo e segurança aeronáutica”, escreveu Trump no Twíte.

Além disso, expressou o Presidente, queria que a “Rússia aumentasse de forma significativa a sua participação na luta contra o EI (Estado Islâmico) e o terrorismo”.
Embora a Casa Branca tenha tentado na segunda-feira minimizar as denúncias, os seus esforços foram anulados pelo próprio Presidente em dois twites.


Desde a tarde de segunda-feira, Donald Trump encontra-se no centro de um escândalo por denúncias de ter partilhado com funcionários russos informações de inteligência que eram consideradas de grau máximo de segredo.


Na semana passada, recebeu no Salão Oval o chefe da diplomacia russo, Serguei Lavrov, e de acordo com relatos de jornais como o “Washington Post” e “The New York Times”, assim como da rede CNN, nesta conversa Trump mencionou que o EI planeava ataques contra os Estados Unidos utilizando computadores portáteis em voos. Segundo fontes de alto escalão do Governo, esta informação foi oferecida aos Estados Unidos por um aliado com a condição de não partilhá-la com ninguém, nem mesmo com outros países aliados, para não expor a fonte dos dados.


Assim, a mensagem de Trump no Twitter parece confirmar que o Presidente efectivamente mencionou estas ameaças na sua conversa com Lavrov, mas considera que fez a coisa certa. Trump também iniciou um contragolpe quando condenou a publicação na imprensa de detalhes reservados da actividade na Casa Branca.


Trump afirmou no Twitter que havia pedido a James Comey, ex-director do FBI demitido recentemente, “desde o início da minha administração que encontre os responsáveis pela fuga de informação na comunidade de inteligência”. No meio do vendaval de informações desencontradas, na tarde de segunda-feira o assessor presidencial de Segurança Nacional, o general Herbert McMaster, tentou dissipar as dúvidas, mas acabou por colocar mais lenha na fogueira.


De acordo com McMaster, “em nenhum momento se discutiu fontes ou métodos de inteligência e não foram reveladas operações militares que já não fossem de conhecimento público”.


McMaster afirmou que as denúncias à imprensa sobre a divulgação de informações secretas à Rússia apoiavam-se numa história falsa. No entanto, baixou a guarda ao mencionar que Trump e Lavrov “partilharam as ameaças provenientes de organizações terroristas que incluem ameaças à navegação aérea”. Enquanto isso, a Rússia optou por minimizar todo o episódio. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, considerou que todo o caso era “um grande absurdo” e que “não é um tema que possamos confirmar ou negar”. 


Maria Zajarova, porta-voz da diplomacia russa, afirmou, por sua vez, no Facebook que todo o escândalo não passava de uma “notícia falsa”.


Esta denúncia explosiva ocorre após o terramoto político gerado há uma semana pela demissão de Comey, que investigava precisamente os contactos entre a Rússia e o comité de campanha de Trump nas eleições do ano passado.


Num gesto que acelerou as tensões políticas num país com os nervos à flor da pele, Trump recebeu Lavrov na Casa Branca um dia depois de demitir Comey. Com a interminável controvérsia sobre a alegada ingerência russa nas eleições do ano passado para beneficiar Trump, a imprensa americana esperava que o tema fosse ao menos mencionado no encontro no Salão Oval.


No entanto, um dia após o encontro, Trump utilizou o Twitter para advertir Comey a permanecer em silêncio, quando sugeriu que poderia ter gravações das suas conversas na Casa Branca.


O influente senador republicano John McCain afirmou ontem que as denúncias são “profundamente perturbadoras”. Por sua vez, o director da CIA, Leon Panetta, disse à imprensa que os gestos e declarações de Trump “minam a credibilidade da Presidência. É o Presidente dos Estados Unidos, não um astro de um reality show”.

ANG/JA


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