Costa do Marfim/Ouattara e Gbagbo dão primeiro passo para reconciliação nacional
Bissau, 28 Jul
21 (ANG) - O Presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara recebeu
na terça-feira o seu antecessor Laurent Gbagbo numa atmosfera
de reconciliação nacional, marcada por abraços e sorrisos .
Durante o
encontro, Gbagbo pediu, em nome da reconciliação nacional que o chefe de Estado
incumbente faça um gesto e liberte as pessoas detidas na sequência dos eventos
violentos de
2010/2011.
Aperto de mão, abraço, mãos dadas e
sorrisos marcaram o primeiro encontro entre
o Presidente Alassane Ouattara da Costa do Marfim e o seu
antecessor, Laurent Gbabgo, desde a controversa eleição
presidencial de Outubro de 2010, que desembocou numa crise e em milhares de
mortos.
Após um frente a frente à
porta fechada que durou trinta minutos, os dois dirigentes
marfinenses deram uma conferência de imprensa, no
decurso da qual realçaram o carácter
"fraterno"
e "descontraído"
do seu encontro de 27 de Julho de 2021.
Durante o ambiente caloroso e de
reconciliação nacional que marcou o encontro, Laurente Gbagbo
apelou o chefe de Estado marfinense a libertar as
pessoas detidas no decurso da violenta crise pós-eleitoral de 2010-2011,
que ainda estão na prisão.
"Nós conversamos fraterna e
amigavelmente. Estou muito feliz com a conversa que
tivemos , porque ela foi muito descontraída . Sinto-me
orgulhoso por isso e desejei que de vez em quando
possamos ter este género de encontro, que contribui para aliviar a tensão
no país.
No que me diz respeito, eu falei sobretudo com o
presidente, insisti, na questão dos prisioneiros, que foram detidos no
momento da crise de 2010-2011 e que permanecem na
prisão.
Eu disse ao Presidente: você está de acordo comigo, eu
era o líder deles. Actualmente eu estou livre, mas eles estão
presos. Eu gostaria que o presidente faça todos os possíveis para que
eles sejam libertados. Eu sublinhei esse facto. Tirando isso, falamos da Costa
do Marfim que deve seguir em frente", disse Laurent Gbagbo.
Por seu lado Alassane
Ouattara afirmou que a crise pós-eleitoral de 2010/2011
provocou divergências , mas que tudo isso tinha ficado para trás.
O último frente a frente entre o chefe de
Estado marfinense e Laurent Gbagbo tinha ocorrido em 25 de Novembro
de 2010, data em que os dois participaram num debate televisivo,
três dias antes da segunda volta da eleição presidencial.
N'Goran Djedri, do Partido Democrático da
Costa do Marfim (PDCI),
principal força política da oposição liderada pelo antigo
presidente Henri Konan Bédié, realçou que o seu partido congratula-se com a
nova vontade de diálogo manifestada por Alassane Ouattara.
Segundo Djedri, o PDCI apoia o
espírito de diálogo inclusivo na Costa do Marfim.
A eleição presidencial de 31 de
Outubro de 2010 resultou numa grave crise, que provocou
violentos confrontos armados e 3000 mortos.
Laurent Gbabgo, então presidente cessante,
foi acusado pelo candidato e adversário Alassane Ouattara,proclamado vencedor
com 54,10% dos votos, de não querer aceitar o resultado do
escrutínio.
Laurent Gbabgo, teria obtido, segundo o
Conselho Constitucional da Costa do Marfim, 45,9% dos sufrágios.
O Colectivo das Vítimas da Costa do
Marfim, presidido por Issiaka Diaby, em nome dos mortos da crise
pós-eleitoral de 2010/2011, considerou que a reconciliação nacional não
deve circunscrever-se a duas pessoas, e que a luz deve ser feita sobre os
eventos trágicos de há onze anos. ANG/RFI
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