Bissau,15 Jul.21(ANG) - O antigo secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) Domingos Simões Pereira disse, que passados 25 anos, a organização "continua a fazer sentido" e a justificar a sua existência.
"Eu acho que a
organização continua a fazer sentido, a justificar a sua existência, mas há
duas referências que me parecem muito importantes", afirmou à Lusa
Domingos Simões Pereira.
A primeira, segundo o antigo
secretário executivo, é que se chegou ao final de um ciclo, em que todos os
estados-membros já cumpriram um conjunto de competências, e que se deve deixar
de "lado a questão de cumprir uma agenda de rotatividade" e
"dotar a estrutura organizativa de competências para tomar medidas e
implementar projetos que façam sentido".
A segunda, salientou
Domingos Simões Pereira, é a de que 25 anos já é uma idade de maturidade e os
cidadãos têm a "expectativa de ver a CPLP finalmente materializar um
conjunto de ações que vão ao encontro do tal objetivo de ser uma organização de
povos e não simplesmente uma organização de Estado".
Questionado sobre o acordo
de mobilidade, que deverá ser assinado na cimeira de chefes de Estado e de
Governo, que vai decorrer a 16 e 17 de julho, em Luanda, Angola, Domingos
Simões Pereira disse que o "único senão" é ficar-se com a impressão
de "todos estamos à espera de que algo de extraordinário aconteça".
"Esse extraordinário
depende de nós. Se a Guiné quer fazer parte de uma comunidade de estados e de
povos que têm essa flexibilidade de se visitar, o que a Guiné-Bissau tem de
fazer é abrir-se aos outros países e o mesmo é válido para o outro conjunto de
países", afirmou Domingos Simões Pereira.
Mas, salientou o antigo
secretário executivo, o que se constata é que "todos querem que o outro se
abra, poucos se adiantam nessa perspetiva".
Para Domingos Simões
Pereira, o desafio é exatamente os estados membros da CPLP conseguirem defender
a "perspetiva de abertura" às organizações regionais onde pertencem.
"É isso que vai
transformar a CPLP num espaço apetecível e que atraia a atenção da nossa
comunidade. Se nos continuarmos a barricar por detrás desses justificativos
legais, estruturais, a população começa a ter dificuldades em compreender
porquê que a retórica se mantém e os passos não são dados", afirmou.
Sobre a falta de
visibilidade da CPLP, Domingos Simões Pereira afirmou que "é preciso fazer
algo mais".
"O que digo é que
quando fazemos essa constatação invariavelmente olhamos para o secretariado
executivo e esperamos que faça mais. Penso que o problema não está a esse
nível, o problema está ao nível dos estados que devem ter capacidade de
repercutir nas suas políticas internas os acordos e consensos feitos ao nível
da CPLP", afirmou.
Domingos Simões Pereira
salientou que a CPLP é "muito pesada" e que "não há uma decisão
que se possa implementar, que não passe pelo conselho de embaixadores, que
precisam do aval do seu país".
O guineense foi secretário
executivo da organização entre 2008 e 2012. A CPLP conta com nove
Estados-membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.ANG/Lusa
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