segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

     Burkina Faso/junta militar suspendeu a difusão da RFI no seu território

Bissau,05 Dez 22(ANG) - A junta militar no poder no Burkina Faso anunciou no sábado a suspensão imediata das emissões da RFI no seu território, acusando a emissora de ter difundido nas suas antenas informações falsas e de ter oferecido uma tribuna a militantes islamistas. 

"O governo decidiu a suspensão imediata até nova ordem da difusão dos programas da Radio França Internacional em toda a extensão do território nacional", anunciou o executivo do Burkina Faso em comunicado.

De acordo com a junta militar, a RFI difundiu neste sábado a mensagem do chefe de um grupo que qualifica de "terrorista" ameaçando a população.

A Junta refere igualmente que a emissora retomou uma informação segundo a qual o homem forte do país, o capitão Ibrahim Traoré, tinha declarado ter sido alvo nestes últimos dias de uma tentativa de golpe de Estado, algo desmentido pelas autoridades do país.

Reagindo a esta decisão em comunicado ontem à noite, a direcção da RFI disse "lamentar vivamente esta decisão” e protestou “contra as acusações totalmente infundadas que põem em causa o profissionalismo das suas antenas”.

Ao referir que “este corte ocorreu sem aviso prévio e sem a implementação dos procedimentos previstos no acordo de radiodifusão da RFI estabelecido pelo Conselho Superior de Comunicação de Burkina Faso”, a direcção da rádio disse ainda que “o grupo France Médias Monde (ao qual está ligado a RFI) vai explorar todas as vias para conseguir restabelecer a difusão RFI”.

Após sublinhar que “a RFI é uma das rádios mais ouvidas em África francófona” e que “é acompanhada cada semana por 40% da população do Burkina Faso”, a direcção da emissora reiterou ainda “o seu apego inabalável à liberdade de informar e ao trabalho profissional dos seus jornalistas.”

Refira-se que a suspensão das emissões da RFI no Burkina Faso acontece poucos meses depois da transmissão da rádio ter sido igualmente cortada no Mali no passado mês de Março.

Estas decisões intervêm no contexto de um crescente mal-estar entre estes países da África Ocidental e a França acusada de não ter feito o suficiente no combate ao terrorismo que grassa nessa região, apesar do seu envolvimento militar no terreno desde 2013.

A insegurança vigente na região desestabilizou o poder de alguns dos países daquela zona onde se multiplicaram os golpes de Estado. Foi o que sucedeu nomeadamente no Mali, onde os militares tomaram o poder pela força em Agosto de 2020 e em Maio 2021. Um cenário semelhante deu-se igualmente no Burkina Faso em Janeiro e em seguida em Setembro deste ano.ANG/RFI

 

Sem comentários:

Enviar um comentário