França/África epicentro
do extremismo islâmico no mundo
Bissau, 16 Fev 23 (ANG) - África tornou-se no epicentro do extremismo islâmico no mundo pelo menos
é o que diz o resultado de relatórios
divulgados agora pelo PNUD, Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento.
Em causa está, nomeadamente, a ambição de melhores
condições de vida para os que se deixam aliciar pelo radicalismo.Noura Hamladji
é a directora adjunta do PNUD para África e começa por nos levantar um pouco o
véu sobre os dados agora apurados acerca da realidade em oito países do
continente negro.
Embora Moçambique tenha ficado de fora esta responsável do PNUD,
de nacionalidade argelina, tendo já exercido funções em Timor Leste, não deixa
de vincar que os resultados aqui aferidos deveriam também ser levados em conta
no caso moçambicano.
Os relatórios incidem sobre o Burkina Faso, Camarões, Chade, Mali,
Níger, Nigéria, Somália e Sudão.
"A África subsaariana está a emergir como o novo
epicentro do extremismo violento. Porque temos quase metade de todas as mortes
globais, relacionadas com o terrorismo que são em África. Então temos a África
subsaariana que se substituíu ao Médio Oriente, como novo epicentro do
extremismo violento a nível global. Temos 4 países, mesmo, mais afectados:
temos o Burkina Faso, o Níger e o Mali, no Sahel, e, também, a Somália que são
os 4 epicentros, mesmo, na África subsaariana."
Estes 4 países concentram 34% das mortes globais, embora outros
países como no Lago Chade ou em Moçambique também registem vítimas na sequência
da actividade de movimentos extremistas.
"A razão principal do recrutamento que é citada
pelas pesssoas entrevistadas é a esperança de emprego, a esperança de uma vida
melhor, são razões económicas que vêm em primeiro lugar. Porque temos 25% das
pessoas entrevistadas que citam essa razão económica. E a razão religiosa,
ideológica, aparece apenas em terceiro lugar com 17% das pessoas entrevistadas
que citam essa razão [religiosa] para aderir aos grupos extremistas violentos.
Então é importante, mas não é a principal. A razão principal é económica,
esperança de emprego, esperança de uma vida melhor."
"Especificamente em Moçambique não fizemos
essas entrevistas extensivas como nos outros 8 países. Mas as conclusões desse
relatório são também muito importantes para Moçambique, para todos os Estados
na África subsaariana, e também para Moçambique.
Porque duas outras conclusões muito importantes que queria partilhar
são a quebra do contrato social. 58% dos recrutas demonstraram pouca ou nenhuma
confiança no governo nacional ou no Estado. Então eles querem uma perspectiva
de uma vida melhor, mas não acreditam que o governo vá dar uma solução para
eles. Têm essa perda de confiança, é, mesmo, a definição da quebra do contrato
social.
Uma conclusão muito importante é também esses ex recrutados, 71% dentre
eles, falam de um ponto de inflexão que os puxa, [que os leva] a aderir a esses
grupos extremistas. E falam, citaram a acção do governo que inclui a morte ou a
prisão de familiares e amigos. É esse evento específico e também brutal que os
leva a aderir a esses grupos extremistas. São conclusões muito interessantes
também para compreender e fazer uma resposta mais adequada." ANG/RFI
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