ONU/Guerra na Ucrânia desencadeou pior violação de direitos humanos atual – Guterres
Bissau,27 Fev 23 (ANG) - O secretário-geral das Nações Unidos, António Guterres, considerou hoje que a invasão russa da Ucrânia desencadeou a pior violação de direitos humanos a acontecer atualmente no mundo.
"A invasão russa da
Ucrânia desencadeou a mais massiva violação dos direitos humanos que conhecemos
atualmente", disse António Guterres na intervenção inaugural da 52ª sessão
do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra que coincide com
o 75.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Hoje, ao lado de
Guterres, na sessão de abertura do Conselho dos Direitos Humanos da ONU,
estava o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos Volker Turk, que
apontou igualmente o "regresso do velho autoritarismo" das
"guerras de agressão".
"[São] guerras
destrutivas de agressão de uma era já passada com consequências mundiais, como
vemos novamente na Europa com a invasão insensata da Ucrânia pela Rússia",
declarou Volker Turk.
Na mesma sessão de
abertura foi cumprido um minuto de silêncio em memória dos mais de 40 mil
mortos dos sismo que atingiram a Turquia e a Síria.
O secretário-geral da
ONU pediu ainda aos países respeito pelo texto da Declaração Universal dos
Direitos Humanos para que se possam enfrentar os novos desafios, a nível
global.
"O desrespeito
pelos direitos humanos deve ser uma chamada de atenção para todos nós",
disse Guterres.
"Os direitos
humanos não são um luxo que possamos deixar de lado até que encontremos
soluções para o resto dos problemas mundiais: são a solução",
afirmou.
No mesmo discurso,
António Guterres, referiu-se a milhões de pessoas em todo o mundo que foram
obrigadas a fugir dos locais onde residiam por causa da guerra, da
violência e "das violações dos direitos humanos".
Para o secretário-geral
da ONU é motivo de preocupação "a perseguição" de pessoas por
motivos religiosos, "cor da pele, ideologia, minoria linguísticas,
étnica ou cultural, além da orientação sexual e género".
As alterações climáticas
e desigualdades sociais também foram citadas, assim como a "má
utilização" das novas tecnologias que, segundo Guterres, podem deixar
"uma herança de desinformação e mentira para as gerações
futuras".
Por outro lado,
congratulou-se pelos avanços alcançados ao longo do século XX e nas
primeiras décadas do século XXI, especialmente em matérias relacionadas com a
erradicação da pobreza, aumento da esperança de vida e alfabetização.
Cerca de 150 políticos e
diplomatas, incluindo os ministros dos Negócios Estrangeiros da França,
Irão e da República Popular da China, participam em encontros de alto
nível do Conselho de Direitos Humanos, até à próxima quinta-feira.
O secretário de Estado
norte-americano, Antony Blinken, deve participar hoje numa reunião através de
vídeo conferência.
O vice-ministro dos
Negócios Estrangeiros russo Sergei Riabkov é esperado em Genebra na quinta-feira.
Segundo a Agência France
Presse (AFP), apesar dos apelos das organizações não-governamentais, não é
certo que os diplomatas abandonem a sala no momento em que Riabkov falar, tal
como aconteceu no ano passado com Sergei Lavrov, chefe da diplomacia russa, que
participou por meios remotos.
A invasão russa da
Ucrânia, iniciada no ano passado, está, de acordo com a AFP, no centro das
discussões em Genebra, prevendo-se uma votação no final na
quinta-feira sobre a continuação do trabalho dos investigadores da ONU no
país.
O relatório sobre a
Ucrânia deve ser que apresentado no próximo dia 20 de março, depois de já
terem sido relatados crimes de guerra no passado mês de setembro.
A embaixadora
ucraniana Yevheniia Filipenko já apelou no sentido de um
"reforço" da resolução que define o mandato dos investigadores da ONU
na Ucrânia.
Mesmo assim, não é
certo que o texto final seja "reforçado", uma vez que Kiev e os
países aliados da Ucrânia vão ter ainda de convencer alguns Estados
que se têm mostrado relutantes na crítica a Moscovo.
Paralelamente, a
renovação do mandato do relator da ONU sobre a situação dos direitos
humanos na Rússia também vai ser debatida.
O mandato do relator
sobre o Irão também está em debate, na sequência da repressão dos protestos que
eclodiram na República Islâmica no ano passado após a morte da jovem de origem
curda Masha Amin.
A situação na Etiópia
faz também parte dos trabalhos.
O governo etíope, embora
rejeitando o relatório dos investigadores da ONU que acusa Adis Abeba de
"possíveis crimes contra a humanidade" no Tigray, lançou uma ofensiva
diplomática para bloquear a renovação do mandato.
ANG/Lusa
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