Justiça/Marcelino Intupé diz não esperar nada das autoridades da Guiné-Bissau
Bissau, 23 Fev 23 (ANG) - O advogado Marcelino Intupé diz que não se pode pronunciar sobre pedido das Nações Unidas antes de o próprio governo o fazer e diz "não esperar nada" da investigação por parte das autoridades guineenses do seu espancamento e tentativa de agressão com arma de fogo.
O advogado Marcelino Intupé diz que não se
pode substituir às autoridades da Guiné-Bissau no pedido da relatora especial
do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas formalizado no final de
Dezembro à Guiné-Bissau sobre o seu espancamento e subsequente tentativa
de agressão com arma de fogo.
"Não me posso pronunciar sobre a reacção do
Estado da Guiné-Bissau ! Quando existe uma situação desta natureza o órgão em
causa notifica a outra parte, neste caso o Estado da Guiné-Bissau, para se
pronunciar.
Se não se pronunciar eu não posso dizer nem falar do porquê que o
Estado da Guiné-Bissau não se pronuncia."
Marcelino Intupé, comentador político e
advogado, ficou responsável pela defesa dos acusados no caso da tentativa de
golpe de Estado que decorreu em Fevereiro de 2022 no Palácio Presidencial, em
Bissau. Em Novembro de 2022, Marcelino Intupé foi vítima de espancamento
na sua casa, tendo identificado pelo menos um dos agressores. Pouco tempo
depois, o advogado foi vítima de outro ataque, a tiro, junto à sua casa, tendo
saído ileso.
Nas questões enviadas à ministra dos Negócios Estrangeiros
guineense, Suzi Barbosa, a relatora especial para a indpendência dos
juízes e advogados do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas ,
Margaret Satterthwaite, pede mais informações sobre o caso de Marcelino
Intupé, pede detalhes sobre a protecção oferecida pela Guiné-Bissau a este
adbogado assim como detalhes sobre a protecção dada em geral pelas
autoridades do país para o exercício livre da profissão de adovgado.
O advogado diz não esperar nada de uma possível investigação
levada a cabo pelas autoridades guineenses no sue caso.
"Eu não espero nada da
investigação do Estado da Guiné-Bissau ! A situação que ocorreu na Guiné-Bissau
já se sabe. Os guineenses sabem. A imprensa internacional sabe que o Estado da
Guiné-Bissau não está interessado, nem vai estar interessado, para investigar e
se pronunciar”, disse Intupé.
Instado a comentar sobre se esta situação seria, uma espécie de
"puxão de orelhas" que poderia beliscar a imagem da Guiné-Bissau que
poderia ficar mal na fotografia o advogado argumenta que tal seria o caso se o
Estado se pautasse unicamente pela defesa do direito, o que não estaria a
ocorrer.
"Depende da leitura que
cada um pode fazer relativamente a este caso ! É verdade que depende
também da visão que cada um tem sobre o funcionamento do Estado. Se quem está a
dirigir o Estado sabe que está a dirigir um Estado que deve basear a sua
actuação com base na lei então aí vai beliscar a imagem da Guiné-Bissau ! Agora
se não tem interesse nem tem conhecimento de como é que o Estado é dirigido não
vejo porquê que teria preocupação de saber que vai beliscar a imagem da
Guiné-Bissau," disse.
Esta carta foi enviada em Dezembro às autoridades da Guiné-Bissau
e tornada pública esta semana após as Nações Unidas não terem obtido resposta
nos últimos dois meses. A RFI tentou, sem sucesso, contactar as autoridades
guineenses para uma reacção a esta carta. ANG/RFI
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