Nova Iorque/”UE está a militarizar-se a ritmo
recorde e pouco difere da NATO”, diz Sergey Lavrov
Bissau,
26 Abr 23 (ANG) - O ministro dos Negócios Estrangeiros russo avisou na
terça-feira que a União Europeia (UE) "está a militarizar-se a um ritmo
recorde" e a tornar-se agressiva no objetivo de conter a Rússia.
Sergey
Lavrov disse numa conferência de imprensa que não tem dúvidas de que existe agora
"muito pouca diferença" entre a UE e a Organização do Tratado
Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês).
Lavrov
lembrou que as duas organizações assinaram recentemente uma declaração que,
segundo o chefe da diplomacia russa, afirma essencialmente que a aliança
militar de 31 membros da NATO garantirá a segurança da organização política e
económica de 27 membros da UE.
O
ministro referia-se a uma declaração de 19 de janeiro da UE e a NATO sobre a
sua "parceria estratégica", na qual se considera a invasão russa da
Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022 "a mais grave ameaça à segurança
euro-atlântica em décadas".
A
mesma declaração refere que o momento atual exige uma cooperação mais estreita
entre a UE e a NATO para fazer face à evolução das ameaças à segurança,
afirmando que tal contribuirá para reforçar a segurança na Europa e não só.
A
parceria encoraja o maior envolvimento possível dos membros da NATO que não
pertencem à UE e dos membros da UE que não fazem parte da NATO, ainda que não
se afirme que a NATO irá garantir a segurança da UE.
O
Presidente russo, Vladimir Putin, há muito que se queixa da expansão da NATO e
utilizou em parte esse facto como justificação para invadir a Ucrânia.
O
ataque russo, no entanto, provocou receio nos outros países vizinhos e a
Finlândia aderiu à NATO no início deste mês, após décadas de neutralidade.
Embora
a NATO afirme que não representa uma ameaça para a Rússia, a adesão do país
nórdico foi um duro golpe político para Putin.
A
adesão da Finlândia duplica a fronteira da Rússia com a NATO, a maior aliança
de segurança do mundo. A Suécia, um membro da UE, também está a tentar aderir à
NATO e espera obter a aprovação final em breve.
O
chefe da NATO, Jens Stoltenberg, declarou na semana passada que o "lugar
legítimo" da Ucrânia é na aliança militar e prometeu mais apoio ao país na
sua primeira visita a Kiev desde a invasão.
O
Kremlin respondeu, repetindo que impedir a adesão da Ucrânia à NATO continua a
ser um objetivo fundamental, argumentando que a adesão de Kiev à aliança constituiria
uma ameaça existencial para a Rússia.
A
Ucrânia também está a tentar aderir à UE e, em fevereiro, os líderes europeus
prometeram que fariam tudo o que fosse necessário para apoiar a Ucrânia. Mas,
não apresentaram um calendário para o início das conversações sobre a adesão à
UE, como esperava o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Lavrov
foi questionado sobre se a guerra na Ucrânia foi um erro de cálculo, uma vez
que Moscovo se opõe fortemente à expansão da NATO e a invasão provocou a adesão
da Finlândia, podendo seguir-se a Suécia e inclusive a Ucrânia.
"A
NATO nunca teve qualquer intenção de parar", respondeu o ministro russo,
apontando para a recente declaração UE-NATO e para o facto de, nos últimos
anos, a Suécia e a Finlândia, não membros da NATO, "participarem cada vez
mais nos exercícios militares da NATO e noutras ações destinadas a sincronizar
os programas militares dos membros da NATO e dos Estados neutros".
Lavrov
disse que foi prometido à Rússia em várias ocasiões que a NATO não se expandiria,
o que "eram mentiras".
"As avaliações imparciais que os nossos cientistas políticos, bem como os estrangeiros, fizeram é que a NATO procurou dividir a Rússia", sustentou. "Mas no final só a tornou mais forte, aproximou-a. Por isso, não devemos tirar conclusões precipitadas sobre o resultado final", explicou o diplomata. ANG/Lusa
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