Literatura/Domingos Simões Pereira lança “KUMUS – A PONTE
ATÉ NÓS MESMOS”
Bissau,17
Abr 23(ANG) - Domingos Simões Pereira, presidente
do PAIGC entrou pela primeira vez no domínio de ficção ao lançar sábado, em
Lisboa, o seu primeiro romance e diz ser
“uma pausa na efervescência da vida
política no seu país”.
Intitulado
KUMUS- A PONTE ATÉ NÓS MESMOS”, o livro aborda vários momentos do que tem sido
o trajeto pessoal e político do recém doutorado em Ciências Políticas.
"Chega uma altura em
que sentimos a necessidade de dizer para o mundo que a nossa vida não se resume
a isso. Não se resume àquelas discussões quase que existenciais que vão
acontecendo nessa realidade, que nós tentamos também não nos esquecermos de
viver", salientou em declarações a Lusa,em Lisboa.
Uma vida "feita de
vários encontros, desencontros, de paixões e daquilo que nos vai rodeando e
que, portanto, nós vamos partilhando", acrescentou.
Domingos Simões Pereira
contou que sempre escreveu e a escrita representa "sempre uma
terapia".
"Sempre que questões me
afligiram e senti-me quase que num labirinto, eu encontrei na escrita uma forma
de libertação, uma forma de sair desse quadro e projetar-me para outros
espaços", explicou.
Embora nunca tivesse pensado
em publicar, afirmou que esta sua primeira obra de ficção resulta de escritos
que foi produzindo ao longo do tempo e que "coincide em vários
momentos" com o que foi a sua trajetória, e em que acompanha também uma
geração, da qual faz parte, "que testemunhou o fim do período colonial e
que acompanhou a transição para a fase pós colonial".
"Esta fase pós colonial
em que, infelizmente, novos fantasmas voltaram a ganhar vida. Fantasmas relacionados
com as diferenças étnicas. Voltamos a questionar as nossas religiões, não dando
conta que as religiões mais importantes que existem na Guiné são todas, foram
todas trazidas de fora", adiantou.
"Estamos num processo
de formação de elítes e, em vez de essas elítes resultarem, seja de uma melhor
escolarização, seja de uma maior acumulação de riquezas, essas elites são
definidas por outros tipos de valores", lastimou o líder partidário.
Domingos Simões Pereira, de
59 anos, nasceu em Farim, norte da Guiné-Bissau, e estudou Engenharia Civil e
Industrial na Ucrânia, no tempo da antiga União Soviética, tendo mais tarde
completado o mestrado na mesma área em Fresno, nos Estados Unidos.
Concluiu recentemente o
doutoramento em Ciência Política na Universidade Católica Portuguesa.
Além dos dois mandatos à
frente da CPLP, desempenhou várias funções governativas, tendo sido
primeiro-ministro da Guiné-Bissau entre 03 de julho de 2014 e 20 de agosto de
2015.
"KUMUS -- A PONTE ATÉ
NÓS MESMOS - Estórias e sonhos em duas vidas paralelas", da Nimba Edições.ANG/Lusa
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