segunda-feira, 17 de abril de 2023

  Sudão/Adensam-se os combates entre as forças regulares e os paramilitares

Bissau, 17 Abr 23 (ANG) -  Nestes últimos três dias, de acordo com o sindicato oficial dos médicos, morreram 97 civis, dos quais metade em Cartum, devido aos combates entre o exército e as forças paramilitares.


Estes dados não incluem  todas as vítimas, o sindicato dos médicos referindo que muitas vítimas não conseguem chegar aos hospitais no meio dos confrontos, sendo que por outro lado, nenhum dos beligerantes comunicou sobre as suas respectivas baixas.

Hoje de manhã, tiros e explosões continuaram a abalar Cartum, epicentro dos combates que decorrem desde sábado no Sudão. 

Em causa está a rivalidade entre os dois generais que protagonizaram o golpe de Estado de 2021, o comandante do Exército, Abdel Fatah al Burhan, homem forte do poder, e o general Mohamed Hamdan Daglo, chefe das Forças de Apoio Rápido, forças que integram antigos milicianos da guerra do Darfur.

Apesar de ambas as partes reivindicarem dominar a situação, não se consegue saber o que se passa ao certo. As Forças de Apoio Rápido anunciaram ter tomado o controlo do aeroporto bem como da televisão pública e ter entrado no palácio presidencial, o que as forças governamentais desmentem.

Estas últimas, por sua vez, afirmam continuar a ter nas suas mãos o seu quartel geral, um dos principais pontos nevrálgicos do poder, onde actualmente continuam combates acesos, indicam testemunhas locais.

Segundo Atenas, dois cidadãos gregos estão a ser tratados depois de terem sido feridos ao tentar sair da igreja ortodoxa da capital sudanesa. 15 pessoas continuam bloqueadas dentro do edifício religioso em redor do qual também decorrem combates.

Por seu lado, a Organização Mundial da Saúde refere que "vários dos nove hospitais de Cartum, que recebem civis feridos, ficaram sem sangue" e sem equipamentos. Médicos indicam também que há cortes de electricidade nas salas de operações e que os pacientes já "não têm nada para beber nem para comer". Os raros comércios ainda abertos avisam que vão ficar rapidamente sem nada se não receberem abastecimento nos próximos dias.

Este fim-de-semana, numa altura em que se contabilizam milhões de sudaneses a precisar de ajuda humanitária, o Programa Alimentar Mundial (PAM) anunciou a suspensão das suas actividades naquele país, depois de três dos seus trabalhadores terem sido mortos nos combates que também decorrem no Darfur, no oeste.

Esta situação não deixa de causar alarme no seio da comunidade internacional, nomeadamente junto do Conselho de Segurança da ONU que se reúne esta tarde à porta fechada precisamente para abordar esta questão.

Depois de a Liga Arabe, a União Africana e a França terem apelado para que se ponha fim às hostilidades e que se previna toda e qualquer escalada, hoje foi a vez de os chefes da diplomacia da Grã Bretanha e dos Estados Unidos, reunidos em cimeira do G7 no Japão, de apelar para o "fim imediato" das violências. Contudo nada indica, para já, que os beligerantes pretendam fazer uma trégua. ANG/RFI

 

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