Quénia/Mudanças climáticas agravaram seca extrema no Corno de África
Bissau, 27 Abr 23 (ANG) – As mudanças
climáticas, provocadas pela ação human
a, não só tornaram muito mais provável
como agravaram a atual seca extrema que afeta o Corno de África, concluiu uma
equipa internacional de cientistas do clima.
"As mudanças climáticas causadas por atividades humanas tornaram a seca agrícola no Corno da África cerca de 100 vezes mais provável" do que antes, refere-se num relatório divulgado na quarta-feira pelo World Weather Attribution.
Esta
rede global de cientistas perocura determinar rapidamente se certos eventos
climáticos extremos foram influenciados pelas mudanças climáticas.
“As
mudanças climáticas causaram a baixa precipitação na região”, disse à agência
de notícias Associated Press (AP) Joyce Kimutai, principal meteorologista do
Departamento de Meteorologia do Quénia. “As mudanças climáticas tornaram a seca
de nível excecional,” acrescentou.
Kimutai
foi uma de 19 cientistas de sete países que avaliaram como as mudanças
climáticas afetaram as chuvas no Corno de África, levando à pior seca em 40
anos.
Os
cientistas analisaram dados climáticos históricos, incluindo mudanças nos dois
principais padrões de chuva na região, juntamente com simulações de modelos de
computador que datam de 1800.
A
conclusão foi que a longa temporada de chuvas, de março a maio, está a ficar
mais seca e a curta temporada de chuvas, normalmente de outubro a dezembro, a
ficar mais húmida, devido às mudanças climáticas.
Friederike
Otto, especialista do Imperial College London, no Reino Unido e líder do
estudo, disse à AP que o relatório sublinha como os efeitos das mudanças
climáticas “dependem fortemente de quão vulneráveis” é a população local.
Os
cientistas reconheceram que fracas estações chuvosas no passado, elevadas
temperaturas, conflitos, a fragilidade dos estados e a pobreza são também
responsáveis pelos “impactos devastadores” da atual seca no Corno de África.
As
Nações Unidas disseram que mais de 20 milhões de pessoas no Quénia, Etiópia,
Somália, Uganda e Sudão do Sul foram afetadas pela seca, com mais de 2,2
milhões de deslocados na Somália e na Etiópia e graves riscos para centenas de
milhares de grávidas ou lactantes.
Rod
Beadle, chefe de assistência e assuntos humanitários da organização
não-governamental Food for the Hungry, disse à AP que quase 15 milhões de
crianças estão expostas à desnutrição aguda.
“Apesar
das recentes chuvas no norte do Quénia, a pressão das anteriores temporadas
perdidas cria uma situação terrível. A inundação afetou o gado e muitos
pastores perderam os seus principais meios de subsistência”, sublinhou.
“As
condições de seca resultaram em solos severamente compactados, que não
conseguem absorver a água; portanto, as inundações são mais severas. O país
também está a enfrentar graves surtos de cólera e outras doenças à medida que
mais refugiados chegam”, disse Beadle. ANG/Lusa
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