Portugal/Chanceler alemão diz que ataque da
Rússia desafia “arquitetura de segurança europeia”
Bissau,20 Abr 23 (ANG) – O chanceler alemão,
Olaf Scholz, considerou quarta-feira em Lisboa que o ataque da Rússia à Ucrânia
constitui “um desafio e uma ameaça para toda a arquitetura de segurança
europeia”.
O
político alemão está em Portugal para participar nas celebrações do 50.º
aniversário da fundação do Partido Socialista (PS) e falava numa conferência de
imprensa conjunta com o homólogo português António Costa.
“O
ataque russo à Ucrânia é um desafio para todos nós. Não apenas uma ameaça para
a Ucrânia, mas também constitui uma ameaça para toda a arquitetura de segurança
europeia. Pretende substituir a ordem internacional baseada em regras pelo
direito do mais forte, que manda nos seus vizinhos e isso não podemos nem
queremos permitir”, assinalou o chefe do Governo alemão.
Após
sublinhar o clima de confiança mútuo, os valores comuns e um consenso em torno
de diversas questões decisivas à escala mundial, o dirigente social-democrata
alemão – que se reuniu com António Costa ao início da tarde e durante cerca de
uma hora e meia na residência oficial do primeiro-ministro em São Bento –
frisou o compromisso de prosseguir um apoio “político, financeiro, humanitário”
à Ucrânia.
“E
também com armamento, como temos feito e enquanto for necessário”, frisou.
Neste
âmbito, emitiu um “especial reconhecimento” pelo apoio de Portugal à Ucrânia,
designadamente a “disponibilização” de três carros de combate tipo Leopard II,
de fabrico germânico, e já enviados para o terreno.
“Um
sinal muito importante” na perspetiva da colaboração entre os dois países,
assinalou Scholz.
“Em
paralelo, a União Europeia (UE) tem de desempenhar melhor a sua função
geopolítica, e melhorar a capacidade de ação da UE nomeadamente no que diz
respeito ao alargamento global dos Balcãs ocidentais, e também da Ucrânia,
Geórgia”, prosseguiu.
O chanceler
alemão, e já no período de perguntas e respostas, sustentou a necessidade de
preparar um “futuro europeu”, também assente na estabilidade financeira da zona
euro, e em garantir relações comerciais mais diversificadas e acordos
comerciais mais amplos.
“Portugal
é também um bom parceiro no combate às alterações climáticas e está entre os
primeiros na área da economia verde”, acrescentou Scholz, após o encontro no
qual os dois governantes abordaram a questão das alternativas energéticas,
aceleradas pelo conflito ucraniano, e também assente num “corredor verde de
hidrogénio”.
Sobre
a necessidade de um instrumento financeiro permanente da UE para evitar crises,
o chanceler alemão voltou a sublinhar a necessidade de uma crescente cooperação
entre os diversos Estados-membros do bloco comunitário e considerou que o fundo
de cooperação europeu contribuiu para a estabilização das economias.
“Uma
atuação que teve efeito, e muitos desses fundos vão permanecer disponíveis
durante muitos anos na perspetiva de finanças sãs, e com um enorme esforço de
Portugal nesta área”, destacou.
Numa
referência final ao conflito ucraniano, Scholz adiantou outros aspetos
abordados na reunião com Costa.
“Temos
a esperança de um fim rápido da guerra, mas pode ser algo que vai durar e
também abordámos este aspeto e trocámos opiniões”, disse Olaf Scholz,
destacando ainda as prioridades estabelecidas no período atual: “O envio de
sistemas de defesa antiaéreos, tanques, sistemas portáteis e outros sistemas
ligados ao sistema norte-americano Patriot, tanques de combate e respetivas
munições” para Kiev.
A
ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do
ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança
mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Já
numa breve referência à atual crise no Sudão, palco de combates que opõem desde
sábado o exército ao grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em
inglês), o político alemão indicou tratar-se de uma situação “difícil e
perigosa” que deve ser acompanhada “com muita atenção”. ANG/Lusa
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