África do Sul/Governo considera ataque do Hamas "causa de pessoas oprimidas"
Bissau, 10 Out 23 (ANG) - O Governo
sul-africano considerou "lamentável" a morte de mais de 700 civis,
incluindo mulheres e crianças, pelo grupo palestiniano Hamas em território
israelita, mas sem condenar o ataque justificando tratar-se de uma "causa
de pessoas oprimidas".
"O que afirmarmos é que é altamente
lamentável. Não podemos condená-lo, é lamentável porque, igualmente, temos sido
consistentes em lamentar a conduta do Estado de Israel em relação a dezenas de
milhares de palestinos que foram mortos, cujas terras foram
desapropriadas", disse o vice-ministro das Relações Internacionais e
Cooperação sul-africano, Alvin Botes, à comunicação social.
Questionado se o governo do Congresso
Nacional Africano (ANC), antigo movimento de libertação aliado da causa
palestiniana, condenava a recente ofensiva militar do Hamas, em território
israelita, o governante sul-africano declarou à rádio 702 de Joanesburgo que
"reconhecemos que estas são as ações, infelizmente, mas trata-se de
proteger a causa das pessoas oprimidas".
"Se condenarmos categoricamente a
conduta do Hamas, é igualmente verdade que durante a luta anti-'apartheid' na
África do Sul, a comunidade internacional teria condenado a luta armada do Umkhonto
we Sizwe (a ala armada do ANC)", salientou Botes.
"O que isto exige é uma cessação
imediata e um regresso à mesa de negociações", apelou o governante
sul-africano do partido ANC de Nelson Mandela, no poder desde 1994 na África do
Sul.
A ofensiva militar lançada com milhares de
foguetes e incursões armadas pelo movimento islâmico Hamas na manhã de sábado
no território israelita resultou em mais de 700 mortos, incluindo crianças e
pelo menos 260 jovens de várias nacionalidades que participavam num festival de
música no deserto, havendo ainda uma centena de sequestrados, alguns também
estrangeiros, segundo as autoridades israelitas.
O grupo armado Hamas, que prosseguiu a
ofensiva nesta segunda-feira, é considerado uma organização terrorista por
Israel, a União Europeia, EUA, Japão, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França e
Portugal, que condenaram os ataques. O Irão felicitou os combatentes
palestinianos.
Em resposta ao ataque terrorista surpresa,
Israel declarou o estado de guerra, bombardeando a Faixa de Gaza.
Em comunicado, o Ministério das Relações
Internacionais e Cooperação da África do Sul (DIRCO, na sigla em inglês)
afirmou que a região "necessita desesperadamente de um processo de paz
credível".
"A África do Sul expressa a sua grave
preocupação com a recente escalada devastadora do conflito
israelo-palestiniano. A nova conflagração surgiu da contínua ocupação ilegal de
terras palestinianas, da contínua expansão dos colonatos, da profanação da
mesquita de Al Aqsa e dos locais sagrados cristãos, e da contínua opressão do
povo palestiniano", salientou.
"A região necessita desesperadamente
de um processo de paz credível que cumpra os apelos de uma infinidade de
resoluções anteriores da ONU para uma solução de dois Estados e uma paz justa e
abrangente entre Israel e a Palestina", adiantou.
Entretanto, a ministra das Relações
Internacionais e Cooperação sul-africana, Naledi Pandor, cancelou uma visita
agendada à Palestina, informou o seu gabinete, após as autoridades de Israel
recusarem dar à chefe da diplomacia sul-africana "passagem para o
território palestino através do território do Estado de Israel", segundo a
imprensa local.
A República Islâmica do Irão, que rejeitou
acusações de alegado envolvimento na ofensiva militar do Hamas, assinou um
acordo de cooperação com Pretória no sector da Defesa no passado mês de Julho.
Em Agosto, o Presidente da África do Sul
Cyril Ramaphosa anunciou a entrada da República Islâmica do Irão e da Arábia
Saudita no grupo de economias emergentes BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul), países que serão membros efetivos do bloco a partir de 01 de
Janeiro de 2024. ANG/Angop
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