Senegal/Líder da oposição está em coma após greves de fome
Bissau, 25 Out 23 (ANG) - O líder da
oposição senegalesa, Ousmane Sonko, que iniciou mais uma greve de fome na
semana passada, entrou em coma na segunda-feira e o seu estado de saúde
"está a agravar-se de forma preocupante", confirmou hoje o seu
partido.
"O imprevisível pode acontecer a
qualquer momento, pois pode apanhar de surpresa o serviço de vigilância e de
cuidados hospitalares", declarou hoje na rede social X (antigo Twitter),
El Malick Ndiaye, porta-voz do partido Patriotas Senegaleses do Trabalho, da
Ética e da Fraternidade (Pastef, no acrónimo em francês).
"Apelo solenemente
ao Presidente da República e à ministra da Justiça, que têm o poder de activar
mecanismos que não ponham em causa a separação de poderes e que sejam coerentes
com os direitos cívicos individuais, garantidos e protegidos pelos instrumentos
internacionais dos direitos humanos", acrescentou.
O porta-voz do Pastef
apelou ainda às "autoridades religiosas" e à comunidade internacional
para que usem a sua influência e evitem "o irreparável", que teria
"consequências graves para a paz, a segurança e a estabilidade na
sub-região".
Em 17 de Outubro, Sonko
anunciou que tinha iniciado uma nova greve de fome para protestar contra a sua
detenção e a de alguns dos seus apoiantes, depois de ter sido hospitalizado em
Agosto devido a uma primeira greve de fome.
Segundo a imprensa
senegalesa, Sonko permaneceu no hospital depois de ter suspendido, em 2 de
Setembro, a primeira greve de fome, iniciada em 30 de Julho e que o levou a ser
hospitalizado numa unidade de cuidados intensivos devido à deterioração do seu
estado de saúde.
Apesar desta situação, o
líder da oposição recebeu recentemente uma boa notícia quando, em 12 de
Outubro, um tribunal decidiu retirá-lo de uma lista que o impedia de participar
nas eleições presidenciais previstas para 24 de Fevereiro.
O representante legal do
Estado senegalês anunciou, no entanto, que vai recorrer da decisão,
argumentando que o juiz é irmão de um colaborador de Sonko e membro do Pastef,
formação partidária que foi dissolvida pelas autoridades em 31 de Julho.
O tribunal tomou a
decisão depois de o Supremo Tribunal do Senegal ter rejeitado, em 06 de Julho,
um recurso da oposição contra a decisão das autoridades de impedir o seu
partido de receber formulários de recolha de patrocínios para as eleições,
necessários para financiar a sua campanha.
O órgão responsável por
esta decisão, a Direcção Geral das Eleições (DGE), utilizou como argumento o
facto de Sonko já não constar das listas eleitorais depois de ter sido
condenado, em 01 de Junho, por "corrupção de menores" no caso de uma
jovem massagista que o acusou de violação e de a ter ameaçado de morte.
Seguiram-se violentos
protestos que causaram pelo menos 16 mortos, segundo o Governo, número que a
Amnistia Internacional elevou para 23.
Além disso, o líder da oposição
está detido desde Julho e as autoridades acusaram-no, entre outras coisas, de
apelar à insurreição, de atentar contra a segurança do Estado e de associação
criminosa a uma empresa terrorista.
Conhecido pelo seu
discurso "antissistema" e pelas suas críticas à corrupção e ao
neocolonialismo francês, Sonko denunciou a "instrumentalização" da
justiça pelo Presidente senegalês, Macky Sall, para o impedir de se candidatar
às eleições de 2024. ANG/Angop
Sem comentários:
Enviar um comentário