Espanha/Amnistia garante convivência e trava extrema-direita em Espanha, diz Sanches
Bissau, 16
Nov 23 (ANG) - O socialista Pedro Sánchez justificou esta quarta-feira a
amnistia de independentistas catalães como a via para recuperar a convivência
entre os espanhóis e também a forma de garantir um governo "de
progresso" em Espanha face à ameaça da "direita reacionária".
"A convivência foi um dos princípios
norteadores da Constituição e da transição [espanhola da ditadura para a
democracia]. E agora nós devemos fazer o mesmo e impulsionar a convivência e o
perdão.
"Não apenas para conquistar uma
legislatura de progresso, embora também, mas para apostar num futuro de
reconciliação e de concórdia", disse Pedro Sánchez, na abertura do debate
parlamentar de dois dias para a sua reeleição como primeiro-ministro de
Espanha.
Sánchez prepara-se para ser reeleito com o
apoio de partidos independentistas da Catalunha, com quem negociou uma amnistia
para os envolvidos na tentativa de autodeterminação da Catalunha durante uma
década e que teve como auge uma declaração unilateral de independência em 2017.
O líder do partido socialista espanhol
(PSOE) realçou que há independentistas em várias regiões do país e considerou
que ficou provado, no caso catalão, que a melhor forma de garantir uma Espanha
unida não é com "a receita do Partido Popular", que então governava e
optou pela "imposição e crispação social", levando à fratura de 2017,
"com as ruas de Barcelona incendiadas" e as "pontes políticas
destruídas".
"A receita do Partido Popular conduziu
ao desastre", defendeu, para justificar aquela que considerou ser a outra
possibilidade para lidar com o independentismo: o diálogo.
Sánchez insistiu que desde que o PSOE
assumiu o governo, em 2018, o caminho do "reencontro e do diálogo",
que já passou por indultos a separatistas condenados que estavam presos, provou
dar frutos e não houve nestes cinco anos incumprimento da Constituição em
qualquer região de Espanha.
"A convivência voltou às ruas da
Catalunha" e "o diálogo voltou às instituições", destacou,
sublinhando o argumento do PSOE de que a amnistia é a forma de levar de novo os
independentistas catalães a fazerem políticas dentro das instituições e da
moldura constitucional.
Sánchez destacou ainda que os resultados eleitorais das legislativas de 23 de
Julho demonstram o apoio dos catalães ao Governo da última legislatura e ao
PSOE, a quem deram a vitória.
A amnistia é pedida por 80% dos catalães e
defendida por uma maioria absoluta de representantes dos espanhóis no
parlamento, realçou Sánchez, que admitiu de novo estar a fazer "da
necessidade, virtude", numa referência aos apoios que teve de reunir para
continuar a ser primeiro-ministro.
Sánchez lembrou ainda que o PP também
negociou no passado acordos com nacionalistas bascos e catalães para assegurar
o Governo de Espanha e sublinhou que o Partido Popular concedeu centenas de
indultos, incluindo a elementos de organizações da Catalunha já extintas que
tinham sido condenados por terrorismo.
"Não insultem a memória dos espanhóis,
não aproveitem a situação para incendiar mais e questionar a legitimidade de
qualquer governo que não seja do PP", afirmou, dirigindo-se às bancadas da
direita.
Sánchez acusou o PP de, como noutros países
do mundo, se ter deixado parasitar pela direita radical e de ter unido "o
destino" do partido ao do Vox (extrema-direita) em coligações em cinco
governos regionais e 135 municipais nos últimos anos, pactuando na
concretização de políticas "de ódio", de cortes de direitos e de
retrocesso nos serviços públicos.
"Estamos a escolher algo muito
importante: ou levantamos um muro perante estes ataques recorrentes aos valores
da Espanha democrática e também constitucional ou damos-lhe um salvo
conduto", afirmou.
Sánchez acrescentou que face "às
direitas reacionárias e retrógradas" do PP e Vox, que querem "meter
as mulheres na cozinha, as pessoas homossexuais nos armários e os
migrantes em campos de refugiados", a opção é um novo governo apoiado por
partidos "com diferenças importantes", mas que partilham o desejo de
fazer o país avançar.
O PSOE foi a segunda força mais votada nas
legislativas de 23 de Julho e Sánchez prepara-se para ser reconduzido chefe do
Governo com o apoio de oito partidos de esquerda e direita, regionalistas,
nacionalistas e independentistas.
Os socialistas vão assumir o governo em coligação com o Somar, uma plataforma de 15 partidos e movimentos à esquerda dos socialistas, liderada pela atual ministra do Trabalho, Yolanda Díaz.ANG/Angop
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