Ucrânia/Zelensky favorável à participação
russa numa próxima conferência de paz
Bissau, 15 jul 24 (ANG) – O Presidente
ucraniano, Volodymyr Zelensky, manifestou-se hoje favorável, pela primeira vez,
a uma participação russa numa próxima cimeira de paz organizada por Kiev, após
a ausência de Moscovo na conferência de junho na Suíça.
“Penso
que os representantes russos devem participar nesta segunda cimeira”, afirmou
Zelensky durante uma conferência de imprensa em Kiev, segundo a agência
francesa AFP.
O
Presidente ucraniano disse esperar que um plano para a segunda reunião possa
estar pronto em novembro.
Zelensky
não mencionou a cessação das hostilidades, mas o estabelecimento de um plano
sobre segurança energética para a Ucrânia, cujas infraestruturas foram
devastadas pelos bombardeamentos russos, a livre navegação no Mar Negro e a
troca de prisioneiros.
A
Rússia continua a ocupar quase 20% do território ucraniano e as perspetivas de
um cessar-fogo ou de uma paz duradoura entre Kiev e Moscovo são mínimas nesta
fase, após quase dois anos e meio de ataques russos em grande escala.
É a
primeira vez que Zelensky fala em conversações com a Rússia sem que as tropas
russas se retirem do território ucraniano, como exigia anteriormente.
No
passado, recusou também conversar com Moscovo enquanto Vladimir Putin estivesse
no poder e chegou mesmo a assinar um decreto que tornava ilegais as negociações
com Moscovo.
A
Ucrânia, liderada por Zelensky, afirma regularmente que quer recuperar todos os
territórios ocupados pelo vizinho russo, incluindo a península da Crimeia,
anexada por Moscovo em 2014.
Antes
de qualquer negociação de paz, Kiev exige a retirada das forças russas
atualmente presentes em solo ucraniano, ou seja, cerca de 700 mil soldados,
segundo os números apresentados por Putin.
Para
negociar com a Ucrânia, Putin exige abandono das quatro regiões que Moscovo
afirma ter anexado em setembro de 2023, além da Crimeia, e a garantia de que
Kiev não vai aderir à NATO.
Tais
exigências foram ignoradas por Kiev e pelos seus apoiantes ocidentais.
Em
meados de junho, realizou-se na Suíça uma primeira cimeira sobre a paz na
Ucrânia.
Cerca
de cem países estiveram representados, mas a Rússia não foi convidada e a
China, aliada diplomática e económica de Moscovo, decidiu não participar.
A
Ucrânia já tinha proposto um plano de paz de 10 pontos, apoiado pelo Ocidente,
que implicava a retirada incondicional das forças russas do território
ucraniano.
A
Rússia rejeitou a proposta.
Segundo
uma sondagem divulgada hoje em Kiev, 44% dos ucranianos são a favor de
negociações sobre o fim da guerra com a Rússia, 35% são contra e 21% não têm
uma opinião clara.
Uma
sondagem semelhante publicada em maio de 2023 mostrou que apenas 23% dos
ucranianos eram a favor da abertura de negociações com a Rússia.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 para “desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho, segundo anunciou Putin na altura. ANG/Lusa
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