Fome no mundo
regista terceiro aumento anual consecutivo
Bissau,11 set 18 (ANG) – Cerca de 821 milhões de pessoas no
mundo passam fome, revelou hoje a ONU, traduzindo um aumento para níveis de há
dez anos que se sente mais na América do Sul e na maior parte de África.
O número é apontado pela agência das Nações Unidas para a
alimentação e agricultura (FAO, na sigla em inglês) no relatório sobre o estado
da segurança alimentar e nutrição de 2018, divulgado hoje, em que se confirma a
tendência para o aumento da fome no mundo pelo terceiro ano consecutivo,
passando de 804 milhões em 2016 para 821 milhões em 2017.
“A variabilidade do clima, que afecta os padrões da chuva e as
estações, bem como extremos climáticos como secas e inundações estão entre as
principais causas do aumento da fome, além dos conflitos e abrandamentos
económicos”, considera a FAO.
Em números totais, uma em cada nove pessoas passa fome, com 515
milhões na Ásia, 256,5 milhões em África e 39 milhões na América Latina e
Caraíbas,
Apesar de a erradicação da fome ser um dos objetivos para o
desenvolvimento a atingir até 2030, “há sinais alarmantes do aumento da
insegurança alimentar e diversas formas de má alimentação”, desde a obesidade
nos adultos aos atrasos de crescimento nas crianças.
Cerca de 672 milhões de adultos, ou 13 por cento do total, são
obesos e 38,3 milhões de crianças com menos de cinco anos também.
A obesidade é mais sentida na América do Norte, mas também está
a aumentar na África e na Ásia, onde coexiste com a subnutrição.
Nestas regiões, a comida nutritiva é mais cara, um dos fatores
que contribui para a obesidade.
Por contraste, mais de 200 milhões de crianças (29,7%) têm peso
ou altura a menos para a idade. Ambas são áreas em que a falta de progresso é
clara, afirma a FAO.
Além disso, é “vergonhoso” que um terço das mulheres em idade
reprodutiva esteja anémica, o que se reflecte nelas próprias e nas crianças.
Há “sinais alarmantes do aumento da insegurança alimentar e de
níveis elevados de diferentes formas de problemas alimentares” que são “um
claro aviso de que há muito trabalho a fazer para ninguém ficar para trás”,
defendem numa posição conjunta os responsáveis da ONU para a alimentação,
agricultura, crianças e saúde.
Portugal está em linha com os países europeus, mantendo uma taxa
inferior a 2,5% da população com sinais de subnutrição desde 2004/2006. A
obesidade, no entanto, aumentou entre os adultos, de 21% em 2012 para 23,2% em
2016.
O impacto das alterações climáticas na produção de alimentos
essenciais como o trigo, arroz e milho nas regiões tropicais e temperadas
aumentará se as temperaturas continuarem a subir, alerta a FAO.
O apelo da FAO é para que aumentem os esforços para garantir o
acesso a alimentos nutritivos, prestando especial atenção às partes da
população mais vulneráveis: bebés, crianças com menos de cinco anos, em idade
escolar, raparigas adolescentes e mulheres.
ANG/Inforpress/Lusa
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