COVID-19/CIENTISTAS DESCOBREM POTENCIAL TRATAMENTO ANTIVIRAL
Bissau, 03 Fev 21 (ANG) – Uma nova propriedade antiviral de um
medicamento,
a tapsigargina, que é “altamente eficaz” contra o novo
coronavírus, foi descoberta por uma equipa internacional de investigadores,
anunciou hoje a Universidade de Nottingham, no Reino Unido.
O estudo que levou à
descoberta, publicado no boletim científico Viruses, mostra que a tapsigargina
é um promissor antiviral de amplo espectro e considerado “altamente eficaz”
contra o coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a doença covid-19, mas também
contra o vírus da gripe comum, o vírus sincicial respiratório (VSR) e o vírus
influenza A.
Os investigadores defendem
que a descoberta pode ter enormes implicações na forma como vão ser geridas as
futuras epidemias e pandemias, incluindo a pandemia de covid-19.
“Uma vez que as
infecções respiratórias agudas causadas por vírus diferentes são clinicamente
indistinguíveis na apresentação, um amplo espetro de eficácia (dos
medicamentos), que possa atingir diferentes tipos de vírus ao mesmo tempo, pode
melhorar significativamente a gestão clínica”, referem os investigadores,
citados num comunicado da Universidade de Nottingham, sublinhando que um
antiviral deste tipo pode ser disponibilizado para uso comunitário de forma a
controlar uma infecção activa e a sua disseminação.
O projeto de
investigação foi liderado por Kin-Chow Chang, que contou com outros
especialistas da Universidade de Nottingham (Escolas de Medicina Veterinária e
Ciências, Biociências, Farmácia, Medicina e Química), e com a colaboração de
peritos da Agência de Saúde Vegetal e Animal (APHA) do Reino Unido, da
Universidade Agrícola da China e do instituto britânico Pirbright,
especializado em virologia.
A equipa
multidisciplinar de cientistas descobriu que o antiviral derivado de uma planta
tóxica, a 'Thapsia garganica', desencadeia uma resposta imune inata antiviral
de amplo espectro centrada no hospedeiro. O composto revelou-se eficaz contra
três tipos principais de vírus respiratórios nos humanos, incluindo o novo
coronavírus.
De acordo com o
comunicado da universidade de Nottingham, experiências realizadas em células e
em animais demonstram que a tapsigargina é um antiviral promissor, sendo eficaz
contra a infecção quando usada antes ou durante uma infecção activa.
Também é capaz de
impedir que o vírus reproduza cópias de si mesmo nas células durante pelo menos
48 horas após uma única exposição de 30 minutos.
Como a substância é
estável em ph ácido, como o que se encontra no estômago, pode ser tomada por
via oral, evitando as injecções ou o internamento hospitalar.
Outra característica
descrita pelos autores é que a tapsigargina não é sensível à resistência do
vírus, sendo, “pelo menos, centenas de vezes mais eficaz do que as actuais
opções antivirais”.
Também foi concluído
que é tão eficaz no bloqueio de uma infecção combinada de coronavírus e vírus
influenza A, quanto de uma infecção por vírus único, e que é “segura” como
antiviral, tendo os investigadores realçado que um derivado da tapsigargina já
foi testado em tratamentos contra o cancro da próstata.
“Embora ainda
estejamos nos estágios iniciais da pesquisa sobre este antiviral e a sua ação
sobre os vírus como o que provoca a covid-19, estas descobertas são
extremamente significativas”, destacou Kin-Chow Chang.
O académico
acrescentou que “a actual pandemia destaca a necessidade de antivirais eficazes
para tratar infecções activas, bem como vacinas, para prevenir a infeção”,
vincando que “as futuras pandemias serão, provavelmente, de origem animal”.
“Uma nova geração de
antivirais, como a tapsigargina, poderia desempenhar um papel fundamental no
controlo e tratamento de infecções virais importantes em humanos e animais”,
assinalou Kin-Chow Chang.
O vírus da gripe, o
coronavírus SARS-CoV-2 e o RSV são patógenos globais de humanos e também de
animais, e os cientistas consideram que a tapsigargina representa um composto
líder no desenvolvimento de uma nova geração de poderosos antivirais centrados
no hospedeiro (em oposição aos medicamentos antivirais convencionais que visam
directamente os vírus), podendo mesmo ser adoptada numa abordagem holística de
‘saúde única’ para controlar vírus nos humanos e nos animais.
"Embora mais
testes sejam claramente necessários, as descobertas actuais indicam fortemente
que a tapsigargina e os seus derivados são tratamentos antivirais promissores
contra a covid-19 e o vírus da gripe comum, e têm o potencial de nos defender contra
uma próxima pandemia", concluiu o professor Chang.ANG/Angop
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