segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

 Ouagadougou/Burkina Faso, Guiné e Mali pedem readmissão na UA e na CEDEAO

Bissau, 13 Fev 23 (ANG) - Os chefes da diplomacia de Burkina Faso, Guiné e Mali - Olivia Rouamba, Morissanda Kouyate e Abdoulaye Diop, respectivamente - realizaram uma cimeira em Ouagadougou, na qual acordaram unir esforços para tentar a reintegração na União Africana.


Num comunicado conjunto divulgado após a cimeira, que decorreu na capital do Burkina-Faso, os três países afirmam que "coordenam esforços e levam a cabo iniciativas comuns para a retirada das medidas de suspensão e outras restrições", incluindo as sanções económicas impostas contra os três Estados que sofreram golpes de Estado.

Na nota referem também que as medidas da União Africana (UA) e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) "afectam populações já afectadas pela insegurança e instabilidade política" e "privam" ambas as organizações "do contributo dos três países, necessário para vencer os grandes desafios".

Os ministros sublinham que estas medidas "representam um ataque contra a solidariedade sub-regional e africana, que representa o ponto essencial da integração, cooperação regional e continental".

Nesse sentido, lamentam que as sanções, "impostas mecanicamente" não tenham em conta "as causas profundas e complexas das mudanças políticas", referindo-se à agitação social que antecedeu a vaga de protestos nestes países devido ao aumento da insegurança e ao aprofundamento da crise económica e social.

"As decisões de suspensão impedem a participação destes países nos órgãos da CEDEAO e da UA, em particular naqueles que abordam grandes desafios, como a segurança, questões humanitárias e desenvolvimento económico duradouro", realçam ainda na declaração conjunta, assinada pelos três ministros.

Por isso, defendem "a procura de soluções endógenas para os desafios que estes países enfrentam", e manifestam-se dispostos a "analisar qualquer associação que respeite a sua soberania e responda às necessidades das suas populações".

"No quadro da luta contra a insegurança na faixa sahelo-sahariana, as delegações do Burkina-Faso, da Guiné e do Mali salientam a necessidade de conjugar os seus esforços e os dos países da sub-região e da região para fazer face a este flagelo", afirmam.

Nesse sentido, apelam à "coerência" nas acções "a nível regional, com base nas operações bilaterais já em curso", ao mesmo tempo que apontam a "institucionalização de um quadro permanente de concertação entre os três países" e o lançamento de "consultas políticas e diplomáticas de alto nível no eixo Bamako-Conakry-Ouagadougou."

Finalmente, reafirmam, os chefes da diplomacia dos três Estados reafirmam o seu "compromisso" com "os objectivos e princípios da CEDEAO e da UA" e de "responder às aspirações das populações" dos três países, incluindo com programas "para o desenvolvimento do comércio, transportes, obtenção de necessidades, transformação profissional, desenvolvimento rural, mineração, cultura, artes e luta contra a insegurança".

O Mali foi palco de dois golpes de Estado - em Agosto de 2020 e Maio de 2021-, especialmente devido ao aumento da insegurança, caso semelhante ao do Burkina-Faso, que sofreu um golpe de Estado em Janeiro de 2022, seguido de um outro em Outubro para derrubar o então líder da junta militar.

No caso da Guiné, o golpe de Estado de Setembro de 2021 surge na sequência de um aumento da agitação popular e das críticas da oposição contra o então presidente, Alpha Condé, após este ter alcançado um terceiro mandato, apesar de a Constituição limitar seus mandatos a dois. No entanto, a expansão da ameaça do terrorismo do Sahel e no Golfo da Guiné também fez soar os alarmes em Conakry. 

ANG/Angop

 

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