Moçambique/Líder da Renamo exige
"reposição da verdade eleitoral"
Bissau, 03
Nov 23 (ANG) - O presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo),
Ossufo Momade, afirmou que o maior partido da oposição não desiste da
"reposição da verdade eleitoral", aconselhando as instituições
internacionais a avaliarem o nível democrático antes de atribuírem apoios.
A posição de Ossufo
Momade foi transmitida hoje, no balanço de reuniões realizadas esta semana com
o embaixador da União Europeia acreditado em Moçambique, Antonino Maggiore, e
com a equipa do Fundo Monetário Internacional (FMI), liderada por Pablo Lopes
Murphy.
Esteve em reuniões de avaliação
regular em Maputo, com o líder da Renamo a garantir que foi analisado "o
atual momento político", após as sextas eleições autárquicas, realizadas
em 11 de Outubro, fortemente contestadas.
"No encontro,
passámos em revista aquilo que foi o processo eleitoral desde o recenseamento
até à votação e à presente crise pós-eleitoral derivada dos grandes ilícitos
eleitorais verificados desde o início do processo, descreveu Momade.
Acrescentou que
manifestaram, na ocasião, a sua indignação pelo facto da Comissão Nacional de
Eleições ter divulgado no passado dia 26 de Outubro os resultados fraudulentos,
ou simplesmente, inverteu os resultados na maioria das autarquias ganhas pela
Renamo, atribuindo a vitória à Frelimo.
O principal partido da
oposição tem promovido marchas de contestação aos resultados das eleições de 11
de Outubro, juntando milhares de pessoas que denunciam uma alegada
"mega-fraude" no escrutínio.
As sextas eleições
autárquicas em Moçambique decorreram em 65 municípios do país no dia 11 de Outubro,
incluindo 12 novas autarquias que pela primeira vez foram a votos.
Os resultados
apresentados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) indicam uma vitória da
Frelimo em 64 das 65 autarquias do país, enquanto o Movimento Democrático de
Moçambique (MDM), terceiro maior partido, manteve a Beira.
A Renamo que nas
anteriores 53 autarquias liderava em oito, ficou sem qualquer município, apesar
de reclamar vitória nas maiores cidades do país, contestando por isso os
resultados anunciados pela CNE, cuja autenticidade tem sido visada também pela
sociedade civil, organizações não-governamentais e partidos, inclusive com
decisões favoráveis ao nível dos tribunais distritais.
Face a esta situação, a
Renamo exige a reposição da verdade eleitoral, por isso que tem estado a
realizar manifestações pacíficas como forma de protesto.
A invasão da Polícia às
delegações da Renamo na cidade de Maputo e Nampula foi outra inquietação que
apresentámos ao embaixador, como o rasgar de todos princípios democráticos.
“O cenário de detenções
de jovens militantes do nosso partido mereceu, igualmente, o nosso
repúdio", apontou o líder do maior partido da oposição moçambicana.
Sobre o encontro com a
equipa do FMI, Ossufo Momade referiu que pediu à organização internacional
"para que acompanhe rigorosamente o uso dos valores emprestados aos
países, mas sobretudo em Moçambique, para evitar que o mesmo dinheiro seja
desviado e usado para a compra de material bélico para combater a oposição e
para a fraude eleitoral tal como aconteceu recentemente no país".
"É chegado o momento de as Instituições da Bretton Woods pensarem seriamente sobre graves violações de direitos humanos em alguns países sobretudo africanos na continuidade em alguns apoios. Antes de ajuda, uma avaliação de situações inaceitáveis em democracia deve estar presente", disse ainda o líder da Renamo. ANG/Angop
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