terça-feira, 18 de março de 2025

         EUA/Trump inicia despedimentos em massa na Voz da América

Bissau,18 Mar 25(ANG) - A administração Trump iniciou, domingo, despedimentos em massa na Voz da América e noutros meios de comunicação social financiados pelos EUA, deixando clara a sua intenção de silenciar as vozes mais críticas.

Na noite da passada sexta-feira (14.03), pouco depois de o Congresso ter aprovado a sua última lei de financiamento, Donald Trump deu instruções à sua administração para reduzir as funções de vários meios de comunicação social geridos pelo governo norte-americano ao mínimo exigido por lei.

Entre os abrangidos estão a Voz da América (VOA), a Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade, a Rádio Ásia Livre e a Rádio Marti, que transmite notícias em espanhol para Cuba.

Os funcionários da VOA receberam um e-mail no sábado (15.03) a dizer que seriam colocados em licença administrativa remunerada "até notificação em contrário" e instruindo-os a não entrar nos escritórios da Voz da América ou aceder aos sistemas internos.

"Pela primeira vez em 83 anos, a famosa Voz da América está a ser silenciada", informou o diretor da VOA, Michael Abramowitz, num comunicado, acrescentando que "praticamente" toda a equipa, de 1.300 pessoas, foi colocada em licença.

"A VOA promove a liberdade e a democracia em todo o mundo, contando a história da América e fornecendo notícias e informações objetivas e equilibradas, especialmente para aqueles que vivem sob a tirania", disse Abramowitz. 

A organizacao Repórteres Sem Fronteiras (RSF) condenou a decisão, que classificou como "um desvio do papel histórico dos EUA como defensor da informação livre", e apelou ao governo dos EUA "para restaurar a VOA", cuja origem remonta aos tempos da Guerra Fria.

A Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade e a Rádio Ásia Livre, que são financiadas pelo governo dos EUA, também viram o seu financiamento cortado. As estações transmitem informação livre para audiências fora dos Estados Unidos, incluindo na Coreia do Norte, na China e em zonas de conflito como a Ucrânia e a Rússia.

Donald Trump e o bilionário Elon Musk, seu aliado, têm tentado reduzir o financiamento de várias agências e programas federais.

Os últimos cortes dirigidos aos meios de comunicação social surgiram apenas um dia depois de Trump ter criticado publicamente os meios de comunicação social dos EUA, que apelidou de "corruptos" e "ilegais".

O Presidente norte-americano acusou os meios de comunicação social de serem tendenciosos contra ele e de classificarem os canais privados CNN e MSNBC como "braços políticos do Partido Democrata".

Durante o seu primeiro mandato, Trump já tinha entrado em conflito com a VOA e obrigou dois dos seus principais diretores a demitirem-se em 2020. A Casa Branca contestou especificamente um vídeo sobre a reabertura de Wuhan na China, o ponto de origem da pandemia da Covid-19.

Na altura, a administração alegou que a VOA "fala demasiadas vezes pelos adversários da América - não pelos seus cidadãos" e que o canal "amplificava a propaganda de Pequim". ANG/DW/AFP/Lusa

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