Iémem/Aumenta a tensão entre os rebeldes huthis e os Estados Unidos no Mar Vermelho
Bissau, 17 Mar 25 (ANG) - Os rebeldes huthis do Iémen, apoiados pelo
Irão, reivindicaram no domingo e hoje dois ataques contra um porta-aviões
americano no Mar Vermelho e afirmaram que atingiriam navios de carga
americanos, em resposta aos ataques efectuados pelos Estados unidos durante
este fim-de-semana que provocaram alegadamente 53 mortos, entre os quais
-afirma Washington- muitos chefes huthis.
O líder dos huthis, Abdel Malek al-Huthi,
apelou nesta segunda-feira a concentrações de "milhões" de
huthis para protestar contra os ataques qualificados de "crimes de guerra" que atingiram
no sábado Sanaa, a capital do Iémen, e provocaram 53 mortos, nomeadamente cinco
crianças, e 98 feridos, segundo os rebeldes.
Os huthis reivindicaram ontem ter respondido
aos bombardeamentos americanos com "uma operação militar (...) visando o
porta-aviões americano USS Harry Truman e os navios de guerra que o acompanham
no norte do mar Vermelho", afirmando ter disparado 18 mísseis e um drone, sendo que esta
manhã os rebeldes reivindicaram um "segundo" ataque de
várias horas "com
numerosos mísseis balísticos e de cruzeiro, bem como com drones" contra
o mesmo porta-aviões no norte do Mar Vermelho.
Embora os Estados Unidos não tenham
oficialmente confirmado a ocorrência destes ataques, um responsável americano
indicou anonimamente que caças F-16 tinham abatido 11 drones huthis por cima do
Mar Vermelho.
De acordo com órgãos huthis, Washington
efectuou por sua vez ataques esta madrugada, contra localidades do oeste do
Iémen sob controlo dos rebeldes. Ocorrências sobre as quais o Comando Militar
dos Estados Unidos para o Médio Oriente se limitou a dizer que as suas forças "continuam as operações contra os
terroristas huthis apoiados pelo Irão", sem dar mais explicações.
Depois de Donald Trump ter pedido no sábado
ao Irão para deixar de apoiar os huthis e ter prometido o "inferno" aos rebeldes
se eles continuassem os ataques no Mar Vermelho, o Irão rejeitou as ameaças
americanas e o chefe rebelde Abdel Malek al-Huthi advertiu que o seu movimento
também visaria os navios de carga americanos se os Estados Unidos "continuassem a sua agressão".
Perante esta situação, a ONU pediu aos
Estados Unidos e aos huthis "o
fim de toda a actividade militar". No mesmo
sentido, Pequim também apelou ao "diálogo" e à
diminuição das tensões no Mar Vermelho. Por sua vez, após uma conversa com o
seu homólogo russo, o Secretário de Estado americano, Marco Rubio disse
que "a
continuação dos ataques huthis contra navios militares e comerciais americanos no Mar Vermelho não seria tolerada", sendo que Serguei Lavrov, cujo país é
próximo do Irão, respondeu que "todas
as partes devem abster-se" de usar a
força no Iémen.
Recorde-se que os rebeldes huthis começaram a
atacar Israel e navios acusados de ligações com esse país desde o início da
guerra do governo israelita contra o Hamas, afirmando agir "em solidariedade aos palestinianos".
Os ataques cessaram após a entrada em vigor da trégua israelo-palestiniana a 19
de Janeiro. Mas depois de Israel passar a impedir a entrada de ajuda
humanitária na Faixa de Gaza desde o 2 de Março, os rebeles huthis anunciaram
no passado dia 11 de Março que retomavam os ataques no Mar Vermelho.
Refira-se que o Iémen, país mais pobre e instável do Golfo Pérsico, é palco desde 2014 de um conflito entre o governo apoiado nomeadamente pela Arábia Saudita e os rebeldes huthis que controlam uma faixa importante do território iemenita, nomeadamente a sua capital, Sanaa.ANG/RFI
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