Irão/Autoridades avisam que retaliarão contra qualquer ataque após mensagem de Trump
Bissau, 17 Mar 25 (ANG) – O Irão vai retaliar contra qualquer ataque, avisou hoje o chefe dos Guardas da Revolução, o exército ideológico do país, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter ameaçado Teerão por apoiar os rebeldes Huthis no Iémen.
“O Irão
não procura a guerra, mas se alguém o ameaçar, dará respostas adequadas,
resolutas e definitivas” a qualquer ataque, garantiu o general Hossein Salami à
televisão estatal.
Horas
antes, o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, afirmou que os Estados
Unidos “não têm direito de ditar” a política externa do Irão, declarações
feitas após os ataques norte-americanos de sábado contra os Huthis, que
provocaram pelo menos 31 mortos e 101 feridos, segundo o Ministério da Saúde
dos rebeldes.
“O
Governo norte-americano não tem autoridade nem direito de ditar a política
externa do Irão”, escreveu Abbas Araghchi na rede social X, apelando ao
"fim da matança do povo iemenita".
O
Presidente dos EUA, Donald Trump, disse que ordenou no sábado ataques aéreos à
capital do Iémen, Sanaa, e prometeu usar uma “força letal esmagadora” até que
os rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão, deixem de atacar navios num corredor
marítimo vital.
“Os
nossos corajosos combatentes estão neste momento a levar a cabo ataques aéreos
contra as bases, os líderes e as defesas antimísseis dos terroristas para
proteger a navegação, os meios aéreos e navais americanos e para restaurar a
liberdade de navegação”, afirmou Donald Trump numa publicação nas redes
sociais.
“Nenhuma
força terrorista impedirá as embarcações comerciais e navais americanas de
navegarem livremente pelas vias navegáveis do mundo”, frisou.
O
Presidente norte-americano também deixou uma mensagem ao Irão: “Não ameacem o
povo norte-americano, o seu Presidente (...) ou as rotas marítimas do mundo. E
se o fizerem, tenham cuidado, porque a América vai atribuir-vos toda a
responsabilidade e não vos faremos nenhum favor”.
Os
ataques aéreos ocorrem alguns dias depois de os Huthis terem dito que iriam
retomar os ataques a navios israelitas que navegam nas águas ao largo do Iémen,
em resposta ao bloqueio de Israel a Gaza. Desde então, não se registaram
ataques dos Huthis.
Os
Huthis fazem parte do que o Irão chama o “eixo de resistência” a Israel, que
inclui ainda o movimento islamita palestiniano Hamas e o Hezbollah libanês.
Saudando
“o apoio” dado pelos Huthis ao povo palestiniano na Faixa de Gaza, o Hamas
emitiu uma declaração no sábado a condenar a “agressão aérea
americano-britânica” e descrevendo-a como uma “violação flagrante do direito
internacional”.
Os Huthis
efectuaram desde Novembro de 2023 ataques ao largo da costa do Iémen contra
navios que acreditam estar ligados a Israel, mas também aos Estados Unidos e ao
Reino Unido, cessando os ataques a 19 de Janeiro, quando entrou em vigor a
trégua entre Israel e o Hamas.
Alegam
estar a agir em solidariedade com os palestinianos em Gaza, onde uma guerra de
15 meses entre o Hamas e Israel foi desencadeada por um ataque sem precedentes
do movimento islamista palestiniano em solo israelita, em 07 de Outubro de
2023.
Os
ataques a navios perturbaram o tráfego no mar Vermelho e no golfo de Aden, uma
zona marítima essencial para o comércio mundial, levando os Estados Unidos a
criar uma coligação naval multinacional e a atacar alvos rebeldes no Iémen, por
vezes com a ajuda do Reino Unido.
De
acordo com o porta-voz do Pentágono Sean Parnell, os Huthis “atacaram 174 vezes
navios de guerra norte-americanos e 145 vezes navios comerciais desde 2023”.
No
início de Março, os Estados Unidos classificaram os Huthis como uma “organização
terrorista estrangeira”, após Trump ter assinado uma ordem executiva.
ANG/Inforpress/Lusa
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