Portugal/África Ocidental enfrenta aumento do uso de drogas sintéticas e desafios na fiscalização, alerta JIFE
Bissau, 20 Mar 25 (ANG) – A África Ocidental enfrenta desafios crescentes no combate ao tráfico e ao consumo de drogas sintéticas, revelou recentemente o Relatório Anual de 2024 da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE).
A
apresentação em um ‘webinário’ do primeiro capítulo do relatório da Junta
Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE) 2024, pela primeira vez
em língua portuguesa e em parceria com a Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP), destacou a proliferação dessas substâncias e os riscos
associados à saúde pública e à segurança na região.
“O uso
indevido do tramadol [opioides] está a crescer na África Ocidental, Central e
do Norte, devido às suas propriedades psicoativas, tornando-se uma preocupação
fundamental para a saúde e segurança públicas”, realçou o relatório, alertando
que a África Ocidental tem registado um aumento no uso não médico dessas
substâncias sintéticas.
Além do
uso de opioides sintéticos, a JIFE observou que o tráfico de estimulantes do
tipo anfetamina para a África Ocidental tem vindo a aumentar de forma
consistente, sustentando que “a demanda por metanfetamina já começa a superar a
procura por outras drogas tradicionais, como cannabis, cocaína e heroína, em
algumas partes da região”.
“O uso
de kush continua sendo uma preocupação na África Ocidental. Kush é uma mistura
de drogas que pode conter diversas substâncias psicoativas”, explicou.
Outro
ponto crítico apontado pelo relatório é a dificuldade de fiscalização e combate
ao tráfico, uma vez que as drogas sintéticas podem ser fabricadas com
facilidade em pequenos laboratórios clandestinos, sem necessidade de vastas
plantações ou complexos sistemas de produção e que os traficantes exploram
falhas na regulamentação e utilizam rotas já estabelecidas para o tráfico de
drogas convencionais.
A JIFE
sublinhou ainda que, apesar das crescentes preocupações, muitos países da
África Ocidental enfrentam limitações significativas na capacidade de resposta
ao problema, já que “os recursos para tratamento de drogas e programas de
reabilitação na região são limitados, o que pode levar a danos sérios e de
longo prazo para as populações”.
Diante
desse cenário, a JIFE recomendou que os governos da região implementem
estratégias mais eficazes de monitoramento, fortalecimento da fiscalização e
cooperação internacional para combater o tráfico e consumo de drogas
sintéticas.
Também
enfatizou a importância de aumentar o acesso a programas de prevenção e
tratamento para reduzir o impacto dessas substâncias na sociedade.
A
apresentação do relatório contou com a participação a representante da JIFE,
Mariângela Simão, do secretário Executivo da CPLP, Zacarias da Costa, e de
representantes dos Estados-membros da comunidade.
A CPLP
é constituída por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial,
Portugal, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
A JIFE
é o órgão independente, estabelecida pela Convenção Única sobre Entorpecentes
de 1961, que promove e monitora o cumprimento do Governo com as convenções
internacionais de controle de drogas, e os 13 membros da Junta são eleitos a
título pessoal pelo Conselho Económico e Social da ONU para mandatos de cinco
anos.
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