RDC/ “Não se podia esperar outra decisão do M23”, diz docente Rogério Conrado
Bissau, 18 Mar 25 (ANG) - A poucas horas da abertura prevista, em Luanda, das negociações sobre o conflito no leste da RDC, os rebeldes do M23 recuaram e cancelaram a sua participação no encontro.
O M23 tinha aceitado enviar uma delegação a
Angola para "participar no diálogo directo". Uma ordem de missão
chegou a ser estabelecida e previa uma delegação composta por cinco pessoas,
liderada por Benjamin Mbonimpa secretário-executivo do AFC/M23 - presente na
lista de personalidades sancionadas pela União Europeia desde Julho de 2024.
Além disso, o itinerário da delegação do M23
estava definido: passagem pelo Uganda, voo fretado por Angola, estada de quatro
dias em Luanda e regresso previsto a Goma no dia 21 de Março.
Ontem à noite, o grupo mudou de posição e
explicou, em comunicado, a decisão: "As sucessivas sanções impostas aos nossos
membros, incluindo as adoptadas na véspera das discussões de Luanda,
comprometem gravemente o diálogo directo (...) A nossa organização não pode
continuar a participar nas negociações".
Esta segunda-feira, a União Europeia anunciou
uma nova série de sanções contra vários líderes do M23, incluindo o seu chefe
Bertrand Bisimwa, bem como contra diversos responsáveis do exército ruandês.
Paralelamente, e quase em simultâneo, Kigali
anunciou a ruptura das relações diplomáticas com a Bélgica, acusando a antiga
potência colonial de "tomar partido" por Kinshasa.
Régio
Conrado, professor de Ciência Política e de Direito na Universidade Eduardo
Mondlane, em Moçambique, sublinha que na sequência das novas sanções
europeias e da ruptura de relações entre Kigali e Bruxelas, “não se podia esperar outra decisão do M23”. O docente acrescenta que o anúncio
das sanções da União Europeia na véspera das negociações “mostra muito claramente que a União Europeia
está pura e simplesmente a jogar para defender os seus interesses estratégicos”.ANG/lusa
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