Corrida mundial para descobrir vacina ou remédio
contra pandemia
Bissau, 18 mar 20 (ANG) -
Começou uma autêntica corrida a nível
mundial para se encontrar um remédio ou vacina contra o coronavírus, estando em
curso um primeiro ensaio clínico nos Estados Unidos.
"Vai haver uma série de ensaios, muitos erros,
mas temos muitas opções a testar declarou Benjamim Neuman, virólogo da
Universidade Texarkana no Texas.
O presidente americano, Danald Trump, exortou os
cientistas e a indústria farmacêutica a acelerar o processo, mas especialistas
pensam que ainda há pouca margem de manobra para se conseguir
um medicamento ou vacina contra a epidemia do coronavírus.
Até agora nunca houve uma vacina muito eficaz
contra um membro da família do coronavírus, mas de todo o modo, neste momento
há uma correria desenfreada para se obter medicamentos.
Assim, a vacina mRNA-1273 foi desenvolvida por
cientistas dos Institutos nacionais de Saúde dos Estados Unidos e da empresa de
biotecnologias Moderna de Cambridge no Estado de Massachusetts.
Mas há que passar por diferentes fases a fim de
determinar se a vacina é eficaz e segura. Se toda a informação genética do
vírus e as moléculas de proteínas do código genético do DNA das células forem
bem sucedidas há fortes probabilidade de termos a vacina dentro de um ano e
meio, segundo especialistas.
De todos os medicamentos na corrida para combater
o Covid-19, de destacar o remdesivir do grupo americano, Gilead, que
poderia chegar ao mercado dentro de um ano.
O antiviral foi desenvolvido contra outros vírus como
ébola, mas não foi eficaz e nunca foi provado em lado nenhum do mundo. Mas deu
esperanças no tratamento de doentes atingidos com o coronavírus na China, e foi
utilizado para tratar dois pacientes nos Estados Unidos e em França.
Segundo o director do Instituto nacional americano das
doenças infecciosas, Anthony Fauci, perito de Donald Trump sobre o coronavírus,
este antiviral poderia ficar disponível nos próximos meses.
Há ainda a empresa farmacêutica americana,
Johnson & Johnson que estuda a hipótese de utilizar certos dos seus
medicamentos passíveis de ajudar a tartar sintomas em pacientes já infectados
pelo vírus.
Também a empresa Regeneron desenvolveu o ano passado
um medicamento aplicado por via intravenosa e conhecido pelo nome de anticorpos
monoclonais que permitiu melhorar de modo significativo a taxa de sobrevivência
de doentes atingidos pelo virus ébola.
O remédio poderia funcionar como tratamento e vacina
aplicado a pessoas antes que fiquem expostas mesmo se os efeitos serão
temporários tendo em conta que os anticorpos não farão parte da memória do
sistema imunitário dos indivíduos.
O grupo Regeneron tenta também lutar contra a inflamação
dos pulmões que se desenvolve por ocasião de formas severas do novo coronavírus
utilizando outro medicamento, Kevzara, destinado a tratar inflamações derivadas
de artrites.
O grupo britânico, GlaxoSmithKline colabora com uma
biotecnologia chinesa para colocar à disposição a sua tecnologia de fabrico de
componentes para vacinas contra epidemias de vírus.
Em França, o grupo farmacêutico, Sanofi trabalha com a
secretaria americana para a Saúde no desenvolvimento duma potencial vacina
utilizando uma tecnologia de recombinação do DNA.
Tal consiste numa combinação do DNA do vírus com o DNA
doutro vírus inofensivo a fim de criar uma nova entidade celular passível de
provocar uma resposta imunitária.
Esta tecnologia já está na base da vacina de Sanofi
contra a gripe e graças aos testes sobre um candidato a vacina do Sras, a
empresa acredita que está no bom caminho para obter uma vacina contra o
coronavírus.
David Loew, vice-préesidente e responsável de Sanofi
Pasteur, considerou poder dispor de um candidato a vacina do coronavírus dentro
de 6 messes e potencialmente entrar em experimentação clínica dentro de um a um
ano e meio.
Entre vários outros grupos sobretudo americanos, de
destacar ainda aqui na Europa, o grupo alemão CureVac, um dos laboratórios
a trabalhar numa vacina contra o Covid-19. O grupo afirma poder apresentar um
projecto da vacina para validade clínica dentro de alguns meses.
O grupo teria mesmo sido contactado pelo governo
americano de Donald Trump que queria comprar a exclusividade, mas os seus
dirigentes já vieram a público desmentir.
O certo é que a própria chanceler alemã, Angela
Merkel, foi obrigada a declarar que tudo estava "claro e solucionado"
com os Estados Unidos e que a empresa alemã tinha todo o apoio financeiro
necessário para desenvolver os seus estudos cientítificos.
E como se não bastasse, a Comissão europeia anunciou o
desbloqueio de 80 milhões de euros para o laboratório alemão.
"Nesta crise é de suprema importância que
apoiemos os nossos investigadores e empresas de ponta. Estamos determinados a
fornecer ao grupo CureVac o financiamento necessário para desenvolver e
produzir rapidamente uma vacina contra o coronavírus, sublinhou a presidente da
Comissão europeia, a alemã, Ursula von der Leyen.
Por último na Rússia, Moscovo anunciou ter começado
testar em animais uma vacina contra o coronavírus e espera ter resultados
prometedores em junho. ANG/RFI
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