Amílcar Cabral declarado segundo maior líder mundial
de sempre pela BBC
Bissau, 10 mar 20 (ANG) - O ideólogo das
independências da Guiné-Bissau e Cabo Verde, Amílcar Cabral, foi considerado o
segundo maior líder mundial de todos os tempos, numa lista elaborada por
historiadores para a BBC.
A lista é da "BBC World Histories Magazine" e foi
feita por historiadores, que nomearam aquele que consideraram o maior líder,
alguém que exerceu poder e teve um impacto positivo na humanidade.
Num trabalho que começou no início do ano, a revista contou com
a colaboração dos mais destacados historiadores e a votação de leitores, que
escolheram como o maior líder de sempre Maharaja Ranjit Singh, líder do império
sikh do início do século XIX.
Maharaja Ranjit Singh foi considerado um modernizador e
unificador, com um reinado que marcou uma era muito positiva para o Punjab e o
noroeste da Índia. Teve mais de 38% dos votos.
E logo a seguir, com 25% dos votos, aparece Amílcar Cabral,
descrito como o "combatente pela independência africana", que reuniu
mais de um milhão de guineenses para se libertarem da ocupação portuguesa, uma
acção que levou outros países africanos colonizados a lutarem pela
independência.
Depois de Amílcar Cabral, surge na lista o britânico Winston
Churchill, com 07% dos votos, e em quarto lugar o Presidente americano Abraham
Lincoln, seguindo-se na quinta posição a monarca britânica Elisabeth I.
A lista incluía o faraó AmenhotepIII, o rei inglês William III,
o imperador da China Wu Zetian, a combatente francesa Joana d'Arc, o imperador
do Mali Mansa Musa, a imperatriz russa Catarina, a Grande, ou o Papa Inocêncio
III, entre uma vintena de nomes.
Amílcar Cabral foi escolhido pelo historiador britânico Hakim
Adi, especialista em assuntos africanos, segundo o qual a luta de Amílcar
Cabral pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde também transformou
Portugal.
Professor de História de África e de Diáspora Africana na Universidade
britânica de Chichester, Hakim Adi lembra, ao justificar a escolha de Amílcar
Cabral, que grande parte dos países africanos alcançou a independência no
início dos anos 1960, o que não aconteceu com as então colónias portuguesas.
E diz depois que "o grande Amílcar Cabral" além da
luta pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde também teve um papel de
liderança na libertação de outras colónias portuguesas. E essas lutas armadas
acabaram por resultar numa revolução em Portugal "e no início de uma nova
era democrática" no país.
"Muitos africanos continuam a ser inspirados pela grande
liderança de Cabral. A sua vida e trabalho mostram que, quaisquer que sejam os
obstáculos, as pessoas são capazes de ser os seus próprios libertadores",
diz o historiador.
Entre os historiadores convidados que escolheram os
"seus" líderes contam-se o professor de História e cientista político
especializado em história da China da Universidade de Oxford, Rana Mitter, a
professora e historiadora da Universidade de Toronto, Margaret MacMillan, ou o
historiador e director do Smithsonian's National Museum of African Art em
Washington, Gus Casely-Hayford.
Nascido na Guiné-Bissau a 12 de Setembro de 1924, filho de
cabo-verdianos, Amílcar Cabral fundou o Partido Africano da Independência da
Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC), lançando as bases do movimento que levaria à
independência das duas antigas colónias portuguesas.
O fundador do PAIGC foi assassinado a 20 de Janeiro de 1973, em
Conakry, em circunstâncias ainda hoje não totalmente claras, antes de ver os
dois países tornarem-se independentes. ANG/Angop
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